terça-feira, 24 de abril de 2007

25 de Abril. Revolução


25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava
0 dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Revolução

Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta
como puro inícío
Como tempo novo
Sem mancha nem vício
Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge
Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação

Sophia de Mello Breyner

2 comentários:

Neves de ontem disse...

Eu pergunto-me:
Onde foram os sonhos da revolução?

María Antonia disse...

Nieves,

Acho que os sonhos da revolução eram, no fundo, apenas um, resumido na palabra de "liberdade". Naquela altura eu vivia em Portugal e, embora criança, lembro-me do medo por poder exprimir os próprios pensamentos, da leitura clandestina de livros proibidos no país, dos familiares a irem para Angola ou Moçambique durante vários anos, da censura em tudo o que referia cultura, etc, etc...