domingo, 30 de novembro de 2008

Torga entre Marvão e a Portagem

É favor clicarem na fotografia de Emilio Sánchez


Pátria

Serra!
E qualquer coisa dentro de mim se acalma…
Qualquer coisa profunda e dolorida,
Traída,
Feita de terra
E alma.

Uma paz de falcão na sua altura
A medir as fronteiras:
- Sob a garra dos pés a fraga dura,
E o bico a picar estrelas verdadeiras…


Miguel Torga


terça-feira, 25 de novembro de 2008

Em cada esquina um amigo

Um amigo foi embora. O poeta já não está connosco. O nosso Anjo está a voar. 

No recuerdo cuando lo conocí. Sé que entonces soñábamos. Fui sabiendo, poco a poco, que teníamos muchas cosas en común. Por eso me fue fácil llegar a él. Era tan fácil, tan ... no sé. 

Recuerdo un viaje a San Vicente, a ver un grupo de jóvenes idealistas. Un mundo de coincidencias se apoderó de la conversación: había sido profesor de mis amigas en ciudades diferentes y ambos habíamos llegado tarde a nuestra pasión por Portugal. Y la poesía. Recuerdo los primeros números de Espaço/espacio escrito, sus Odas de Ricardo Reis, las aulas de poesía, aquel día de finales de mayo de 1993, con Saramago en el instituto Zurbarán. Y tantas conversaciones telefónicas, alguna discusión, su forma de abrazar, su particular sentido del humor, esa manera graciosa de simular enfado hasta para hacer alabanzas.

Hoy la prensa hablaba de la posibilidad de que el portugués pudiera llegar a ser la segunda lengua extranjera en Extremadura. Esa fue otra de sus batallas y con él se consiguió que en el IES Domingo Cáceres hubiera portugués desde 1º de ESO a 1º de Bachillerato.  

Para quienes amamos la cultura portuguesa en Extremadura, Ángel es y será un referente por mucho tiempo. La literatura pierde a uno de sus mejores poetas. Se nos va un ser humano mayúsculo y nos queda su recuerdo y su obra. 

Até sempre, companheiro!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Vara se fija como objetivo la declaración del portugués como segunda lengua extranjera en Extremadura

É notícia hoje

El Presidente de la Junta de Extremadura se fija como objetivo "comenzar a desarrollar" la declaración del portugués como una lengua "estratégica" para Extremadura, no únicamente en la formación no reglada, donde "se han hecho ya claros esfuerzos" a través de las universidades populares y escuelas oficiales de idiomas, sino también dentro de la formación reglada. "Hay que tener claro que el inglés es evidentemente la segunda lengua de todos los europeos, o la primera cuando se trate de un idioma que no sea el propio, pero el portugués tiene que ser nuestra segunda lengua extranjera".

sábado, 22 de novembro de 2008

Escritores portugueses en las aulas literarias


Estos son los escritores portugueses que van a pasar por las diferentes Aulas Literarias de la Asociación de Escritores Extremeños. 

En
Badajoz, el martes 13 de enero de 2009, contaremos con la presencia de Valter Hugo Mãe. Será en el Salón de Actos del MEIAC a las 20 horas.

Gonçalo M. Tavares, que estuvo en octubre en Mérida y que nos encantó a todos los que pudimos compartir un rato con él, estará en Plasencia el 21 de enero de 2009, en el Auditorio Santa Ana, a las 20.horas y en Cáceres el 22 de enero de 2009, a las 20'15 horas, en el Palacio de la Isla.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O caminho e o tempo


Diz Curozero Muando, coveiro, personagem do romace de Mia Couto Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra:

O bom do caminho é haver volta. Para ida sem vinda basta o tempo.



(Agradeço ao Javier F. ter-me dado a conhecer este livro, que tive vários meses em casa até começar a lê-lo e arrepender-me logo de o não ter feito no mesmo dia em que ele me emprestou as palavras de Mia Couto).


sábado, 15 de novembro de 2008

"Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"

Este céu é de Alter do Chão

Do mestre Alberto Caeiro, um dos mais belos poemas:

Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
mostra que já esteve, o que não serve para nada.

A recordação é uma traição à Natureza,
porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!


Fernando Pessoa


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ao ritmo da Lusofonia

A dança também pode ser uma boa oportunidade pedagógica para se aprender a língua portuguesa, e foi isso que o CPR de Brozas fez, inserido no projecto “Uma viagem pela Lusofonia”, ao trazer a Professora de Dança Elsa Aleixo para uma aula prática de danças tradicionais de vários países em que se fala português.

O ginásio do IES Loustau-Valverde, em Valencia de Alcántara, encheu-se de ritmo, alegria em movimento ao som dos passos de danças como o “Caranguejo” do Brasil, o “Founaná” de Cabo Verde, o “Regadinho” português ou o, também oriundo de Portugal, “Sariquité”.

O pior foi a coreografia do “Mat’aranha” em que a coordenação, direita, esquerda, não era a melhor! Mas o mais importante foi o convívio, a boa disposição, a música étnica e tradicional, a expressão corporal, tudo isso num contexto de imersão linguística em português.

Este foi mais um passo, desta vez um “passo de dança”, para a promoção da língua portuguesa na comunidade autónoma da Extremadura, no contexto da formação contínua de professores, e esperamos poder dançar mais vezes no futuro!

valter hugo mãe em Badajoz


Hoje é dia 13. Ainda faltam dois meses para o dia 13 de Janeiro, mas anunciamos para esse dia a presença na cidade de Badajoz do escritor, editor e artista plástico valter hugo mãe, que lerá os seus versos na Aula Díez Canedo (dado não usar maiúsculas nos seus textos, transcrevemos assim o nome dele).

Para começar, dados biobibliográficos retirados da página do autor:

valter hugo mãe nasceu em Angola, Saurimo, em 1971. Passou a infância em Paços de Ferreira, vive em Vila do Conde desde 1981. Licenciado em Direito, pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.

Vencedor do Prémio José Saramago com o romance o remorso de baltazar serapião, Quidnovi, 2006, sobre o qual José Saramago disse: «Este livro é um tsunami, não no sentido destrutivo, mas da força. Foi a primeira imagem que me veio à cabeça quando o li. [...] Quando foi publicado? E os sismógrafos não deram por nada? Oh, que terra insensível: este livro é uma revolução. Tem de ser lido, porque traz muito de novo e fertilizará a literatura. Por vezes tive a sensação de estar a assistir a um novo parto da língua portuguesa.».

Autor também do romance o nosso reino, Temas & Debates, 2004, considerado pelo Diário de Notícias o melhor romance português editado nesse ano.

Escreveu diversos livros de poesia, entre os quais: bruno, Littera, 2007; pornografia erudita, Edições Cosmorama, 2007; livro de maldições, Objecto Cardíaco, 2006; o resto da minha alegria seguido de a remoção das almas, Cadernos do Campo Alegre, 2003; útero, Quasi, 2003; a cobrição das filhas, Quasi, 2001 e três minutos antes de a maré encher, Quasi, 2000.

Sobre a sua obra: A meta física do corpo, sobre a poesia de valter hugo mãe, seguido de uma antologia, de Rui Lage, Edições Cosmorama, 2006.

Organizou as antologias: O Encantador de Palavras, poesia de Manoel de Barros; Série Poeta, em homenagem a Julio – Saúl Dias; Quem Quer Casar com a Poetisa, poesia de Adília Lopes; O Futuro em Anos-Luz, por sugestão do Porto 2001; Desfocados pelo Vento, A Poesia dos Anos 80, Agora; Cântico Negro, poesia de José Régio, em colaboração com Luís Adriano Carlos.

A sua poesia está traduzida/editada em antologias ou livros autónomos em países como Espanha, Brasil, República Checa, Tunísia, Israel, Alemanha, Suiça, França, Eslovénia, Estónia e Estados Unidos da América.

Esporadicamente, dedica-se às artes plásticas, tendo realizado a sua primeira exposição, intitulada o rosto de gregor samsa, no final de 2006 na Galeria Símbolo (Rua Miguel Bombarda, Porto), preparando a segunda, ainda sem título, para o final de 2008.


Blogue de valter hugo mãe: casa de osso.


E, para terminar, uns versos:

estou escondido na cor amarga do fim da tarde 

estou escondido na cor amarga do
fim da tarde. sou castanho e verde no
campo onde um pássaro
caiu. sinto a terra e orgulho
por ter enlouquecido. produzo o corpo
por dentro e sou igual ao que
vejo. suspiro e levanto vento nas
folhas e frio e eco. peço às nuvens
para crescer. passe o sol por cima
dos meus olhos no momento em que o
outono segue à roda do meu tronco e, assim
que me sinta queimado, leve-me o
sol as cores e reste apenas o odor
intenso e o suave jeito dos ninhos ao
relento


(de estou escondido na cor amarga do fim da tarde)



terça-feira, 11 de novembro de 2008

IV Ciclo de Concertos "Música no Inverno/Novas Músicas do Alentejo-Extremadura"

Problema


Um dos "Seixos" do Alexandre O'Neill no seu livro de 1981 As horas já de números vestidas. Será que alguém o qualificaria hoje como "politicamente incorrecto"?


Problema.

No tempo em que os meninos, a mandado das mães, corriam à mercearia por batatas, sal, toucinho, enfim, pelas miúdas ou gráudas coisas de que a panela ferve não ferve, estava à espera, Daniel, que, nesses recados, ia sempre num pé e vinha noutro, perdeu certa feita, 125 gramas de toucinho.

Pergunta: –Quantas palmatoadas levou Daniel ao chegar, desapossado do tocinho, a casa de seus pais?

domingo, 9 de novembro de 2008

Grafiteros en la Bienal de São Paulo

Un grafitero es detenido mientras pinta con sprays las paredes 
del segundo pabellón de la Bienal de São Paulo (Foto: Choque Folha)


El ruido del vacío

Recordemos que la Bienal de São Paulo de este año propone una exposición sin obras como "metáfora de un museo imaginario", lo que ha provocado un gran desconcierto.

La 28ª Bienal de São Paulo se celebra hasta el 6 de diciembre.


(Fonte: "Babelia", El País)


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Lusofonia “Transfronteiriça”

Está na ordem do dia uma maior proximidade entre as regiões do Alentejo e a Estremadura espanhola, e, tendo em conta essa realidade, as Juntas de Freguesia do Centro Histórico de Évora, encabeçada pela Junta de Freguesia de São Mamede, são parceiros institucionais do projecto “Uma Viagem pela Lusofonia”.
O projecto, promovido pelo Centro de Professores e Recursos de Brozas, na província estremenha de Cáceres, visa a formação continua de docentes no âmbito da língua portuguesa e da cultura lusófona e encontrou em entidades eborenses, como as já referidas Juntas e a Escola EB 2/3 de Santa Clara (na qual se abordarão temas relacionados com o sistema educativo português e projectos internacionais) os parceiros ideais para a concretização do mesmo.
O programa encontra-se dividido em duas partes, as quais se realizarão na localidade da raia espanhola de Valencia de Alcántara e em Évora, respectivamente, abordando áreas tão peculiares que vão desde a literatura lusófona, técnicas de expressão dramática em português, danças de expressão lusófona, uma reflexão sobre a candidatura do fado a património intangível da UNESCO, às tão originais expressões idiomáticas em português, entre outros temas de igual pertinência. Em suma, uma panóplia de temas abordados num ambiente de imersão linguística, o que será uma mais-valia para os participantes de origem espanhola, não nativos no idioma.
O referido projecto culminará nos dias 14 e 15 de Novembro, na cidade de Évora, onde os participantes poderão participar em inúmeras actividades e conferências, iniciativas essas que contarão com profissionais com provas dadas no âmbito da divulgação da língua e cultura em português.
Com esta iniciativa espera-se continuar a fomentar o intercâmbio e as relações transfronteiriças entre estas duas regiões vizinhas e a promover mais relações institucionais e culturais entre Portugal e Espanha.

PROGRAMA.

IES Loustau -Valverde. Valencia de Alcántara. Espanha

4 de noviembre de 2008

17,30h- Conferência sobre a História da Literatura Portuguesa

Luís Leal

13 de noviembre de 2008

17,30h- Oficina de Danças Tradicionais de Expressão Lusófona

– Elsa Aleixo (Lic. Dança pelo FMH)

Évora. Portugal

14 de noviembre de 2008

16h- Visita à escola eborense de St.ª Clara e apresentação sobre o sistema educativo português

19.30h- Conferência sobre “A Origem do fado e a sua candidatura a Património intangível da Humanidade”

- Luís Leal(*)

21h- Casa de fado “Bota Alta” com actuação, ao vivo, do fadista Duarte

15 de noviembre de 2008

9.30h- Oficina de Arte Dramática em Português .

Manuel Piçarra (Lic. Filologia Portuguesa) (**)

11h- Representação da peça “Ir à Índia e voltar, sem sair de Portugal”

- Grupo de teatro eborense “Temporal” . (**)

15.15- “Língua, vidas em portugués” ,Visualização do documentário sobre a lusofonia (*)

17h- “As expressões idiomáticas em português” -Elsa Carreire (Diplomada por Escuela Oficial de Idiomas de Cáceres) (*)

(*) Sala de formação das Juntas de Freguesia do Centro Histórico

(**) Sociedade Dramática Eborense

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mário Vitória




Mário Vitória nasceu em Coimbra em 1983. Vive e trabalha em Sheffield (Inglaterra). Durante o percurso académico realizou estudos intermédios em Lyon (França) e Bolonha (Itália). Licenciou-se na faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto onde actualmente é discente do Mestrado em Práticas e Teorias do Desenho. Das suas exposições individuais recentes destacam-se a exposição na Galeria Minimal (Porto 2007), Galeria do Museu Nogueira da Silva (nomes novos para coisas antigas, Braga 2007), e na galeria Nuno Sacramento (o guardador de rebanhos, Aveiro2008).


(Fonte, http://mariovitoria.wordpress.com, através do blogue casa de osso de valter hugo mãe)

sábado, 1 de novembro de 2008

"pra chorar qualquer lugar me cabe"

Fotografia de Goga

Da brasileira Adélia Prado, um poema a "condizer" com este dia...


POEMA ESQUISITO


Dói-me a cabeça aos trinta e nove anos.
Não é hábito. É rarissimamente que ela dói.
Ninguém tem culpa. Meu pai, minha mãe descansaram seus fardos,
não existe mais o modo
de eles terem seus olhos sobre mim.
Mãe, ô mãe, ô pai, meu pai. Onde estão escondidos?
É dentro de mim que eles estão.
Não fiz mausoléu pra eles, pus os dois no chão.
Nasceu lá, porque quis, um pé de saudade roxa,
que abunda nos cemitérios.
Quem plantou foi o vento, a água da chuva.
Quem vai matar é o sol.
Passou finados não fui lá, aniversário também não.
Pra quê, se pra chorar qualquer lugar me cabe?
É de tanto lembrá-los que eu não vou.
Ôôôô pai
Ôôôô mãe
Dentro de mim eles respondem
tenazes e duros
porque o zelo do espírito é sem meiguices:
Ôôôôi fia.


Adélia Prado