domingo, 1 de outubro de 2006

Presidenciais decorrem hoje no Brasil

Las encuestas prevén que Lula necesitará la segunda vuelta para renovar su mandato (El País)
Acompanhe o processo no blogue da BBC "Brasil.com"


Lula vota em São Bernardo do Campo e diz que ganha em primeiro turno

Lula votou em São Bernardo com a primeira-dama, Marisa. "Estou confiante que vamos ganhar esta eleição hoje", declarou o petista. Folha. Veja mais:

Leia cobertura completa das eleições 2006

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Lula da Silva com reeleição quase certa e um desafio de governação dantesco: Dulce Furtado (O Público)

Ver notícia na Folha de São Paulo / El País

O Presidente brasileiro poderá ser ainda hoje reconduzido em triunfo ao Palácio do Planalto. Tem pela frente a tarefa de limpar a reputação de um PT manchado por escândalos de corrupção consecutivos e, mais difícil ainda, presidir a um Congresso fragmentado onde, para garantir uma aliança que lhe permita governar, terá que dar muito mais do que está disposto.


Lula da Silva sabe que é esperado mais de um seu segundo mandato - instaurar a ética na política brasileira não lhe pode mais servir de bandeira depois de muitos dos seus homens de confiança e aliados mais próximos terem sucumbido em escândalos de corrupção. E os méritos na economia, conseguidos nos últimos quatro anos, podem esfumar-se caso o ambiente internacional se torne menos favorável e o país inicie uma vertigem descendente.

O crescimento económico brasileiro não está a conseguir avançar: dados recentes do Banco Central colocam as expectativas entre os 3 a 3,5 por cento para 2006, abaixo da média internacional e muito aquém daquilo que muitos analistas consideram ser absolutamente necessário para um país como o Brasil ser bem sucedido para lá do curto prazo (a ex-falida Argentina deverá crescer 8 por cento em 2006). Esta dificuldade em arrancar deve-se em boa parte aos elevados impostos e taxas de juros, muito resultantes de uma política de despesa pública elevada e inflexível.

O programa Bolsa Família, que fez chegar assistência económica essencial a uns 50 milhões de brasileiros, quase um quarto da população do país, e outras medidas de equilíbrio social como o aumento do salário mínimo acima da taxa de inflação, valeram elevada popularidade ao Governo de Lula da Silva - mas impuseram-lhe também o ónus de ter um défice previsto para 2006 de 41 mil milhões de reais na Segurança Social.

A revista Economist cita na edição desta semana o Ministro brasileiro do Planeamento, Paulo Bernardo, com a indicação de que "o Governo pretende resolver este problema logo depois da eleição". Tal passará por impor uma maior flexibilidade nos gastos públicos, 90 por cento dos quais são não discricionários, desanexar as reformas do salário mínimo e adoptar um plano de redução da despesa a longo prazo. Em minoria no Congresso. Mas não basta a vontade de Lula para encetar tais reformas. O Presidente só será capaz de as levar a cabo se lhe for favorável a forma como as forças políticas ficarem alinhadas depois da eleição de hoje, em que os brasileiros vão escolher também quem os representa na totalidade da Câmara dos Deputados e em um terço do Senado. E mais: terá que ser muito hábil em gerir os muitos interesses - amiúde antagónicos - esgrimidos no Congresso.

O Presidente incumbente está convicto de que será capaz de governar neste muito provável segundo mandato com o apoio do PT (com um pobre desempenho nas sondagens) e de outros partidos da esquerda - extremamente resistentes à reforma da despesa pública - e de alguns pesos-pesados do profundamente fraccionado Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) que as sondagens indicam vir a ganhar nas urnas o maior número de representantes. Tal poderá não chegar, porém, para assegurar os dois terços do Congresso de que Lula precisa para garantir a continuidade das reformas que obrigam a alterações constitucionais. E a firmeza da aliança com o PMDB, a par de alguns pequenos partidos do centro, assentará essencialmente em quanto do poder o Presidente estiver disposto a conceder.

A apreensão já manifesta em campanha por Lula da Silva sobre aquilo que terá que entregar - provavelmente mais do que aquilo a que está disposto - para formar um novo Governo, mostra bem o que está em jogo nas urnas caso venham a confirmar-se as pesquisas de intenção de voto: Lula reelege-se, talvez até com um triunfo retumbante, mas sem uma base parlamentar consolidada, mesmo que consiga tirar proveito da péssima imagem que a actual legislatura passará ao novo Congresso.

Sobreviver ao "caso dossier"
O "escândalo do dossier", no qual seis membros do Partido dos Trabalhadores - quatro deles extraordinariamente próximos de Lula da Silva - foram directamente envolvidos na compra de documentos alegadamente incriminatórios de adversários políticos, abriu uma crise política gravíssima e imprevisível no Brasil.

O caso, que se encontra sob investigação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode resultar na anulação da candidatura de Lula à reeleição para o Planalto, e consequente determinação de inelegibilidade por três anos, ou dar azo à abertura de um processo de impugnação no Congresso - caso os órgãos judiciais venham a dar como provado que a máquina de campanha do PT cometeu o crime de abuso de poder económico ou político para fins eleitorais e uso de dinheiros ilícitos na compra dos referidos documentos.

"É muito pior que o Watergate", chegou a acusar o presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, comparando o "caso do dossier" com o escândalo de espionagem de adversários políticos que, nos Estados Unidos, acabou por conduzir à renúncia de Richard Nixon em 1974. O PT "não foi incompetente para fazer a coisa certa, mas sim para fazer a coisa errada", ironizava há dias o chefe de polícia de Mato Grosso, José Edson Barbosa, que liderou a operação de investigação do caso do dossier incriminatório.

Antes deste escândalo explodir, o Presidente, em conversas com grandes empresários - reportado pela revista Veja - dizia que o seu segundo mandato começaria logo a 5 de Outubro, no regresso do Congresso a actividades depois do sufrágio. Antevia-se então que Lula da Silva não iria esperar por Janeiro, quando é efectivada a tomada de posse do mandato de 2007-2010, para pôr em marcha algumas reformas que considera urgentes. Fá-lo-ia ainda na presente legislatura, aproveitando a legitimidade dada por uma vitória eleitoral à primeira volta. Mas essa legitimidade, como um triunfo na primeira ronda, ficaram comprometidas.

Com receio de que os estilhaços da crise aberta pelo "caso do dossier" possa comprometer a reeleição de Lula, todo o empenho petista se virou de imediato para assegurar que o Presidente seja reconduzido ao Palácio do Planalto já hoje.A sugestão é clara: nenhum outro desafio se impõe agora a Lula como absolutamente prioritário do que o de evitar três semanas de ataques cerrados em pleno auge da investigação do TSE e um - muito provável - alinhamento de muitos dos outros candidatos afastados da corrida ao lado de Geraldo Alckmin.


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3 comentários:

Marco Aurélio disse...

Eleição no Brasil é sempre assim: um festival de baixarias. Muitos pensam assim: Mudam os candidatos e os partidos, mas a história é sempre a mesma.É justamente a descrença em mudanças que faz com que o eleitor se sinta, cada vez mais, acuado e desencantado com a política. O pessimismo prevalece. É difícil enxergar uma luz no final do túnel, MAS NEM TODO MUNDO É ASSIM! Ainda como alguns, acredito que a educação pode ajudar a salvar esse país!

Um abraço

Marco Aurélio

Puntos de vista y ... nada más disse...

Alguns pensamos que Lula forma já parte do establishment. Quando até Bush e o FMI falam bem dele é porque abandonou os pobre, os trabalhadores, os camponenes, o MST,...

Anónimo disse...

Tivemos um tempo em que chegamos a sonhar com um Brasil menos sujo. Mas parece que o sonho se converteu em pesadelo kafkiano.
"Nós não podemos errar", disse Lula no dia de sua posse. Então, não adiante dizer que os outros também são corruptos (Fernando Henrique, Maluf etc). Já o sabíamos, e isso não é desculpa. O grande problema é que petistas e quetais se posaram de virgens. As virgens mais prostituídas que já se conheceu.
E como um pesadelo não basta, olha só a representação democrática no parlamento: Collor voltou, parece uma canção de Roberto Carlos "eu voltei, agora é pra ficar, pois aqui, aqui é o meu lugar..." E tem mais: Maluf, com todas as denúncias de evasão de dinheiro etc, Clodovil, que tem "vil" até no nome!!!, Enéas...!!! Está provado que não sabemos votar, e que não temos memória.
A esta altura, tanto faz Lula como Alkmin - é tudo= Com a diferença de que Lula foi mais realista que o rei: foi quem mais se rendeu e pagou os juros exorbitantes do FMI, foi quem mais agradou aos banqueiros, foi quem mais se rodeou de sem-vergonhas, cínicos e safados.
"Diz-me com quem andas, e te direi quem és". Olhe ao redor de Lula e veja quem escapa. Ninguém. Nem o filho, nem a mulher que colocou tanto botox na cara que ficou um clone da Marta Suplicy.
Temos um país governado por macunaimas e o pior, escolhidos por um povo macunaímizado. Que vergonha, meu Deus!

Mariza