quinta-feira, 1 de abril de 2010

Consolo na praia por Carlos Drummond de Andrade



Na voz do próprio autor, Carlos Drummond de Andrade, ouvimos o poema "Consolo na praia":

Vamos, não chores.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis carro, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.

3 comentários:

Anónimo disse...

Belo poema... ainda bem que tu me vais ajudando a manter-me a par de boa poesia...
A vida às vezes leva-nos mais para a prosa e nos últimos anos tem sido assim...
Obrigado amigo Pedro pelas pérolas que partilhas connosco.
Aquele abraço,
Luis

Pedro L. Cuadrado disse...

Meu caro Luís, bons versos como estes são vitaminas para o espírito, e cá pela voz do próprio autor, o que mais se pode pedir?

Helena Teixeira disse...

Olá!
Um autor brasileiro excelente.É um poema que nos enche a alma e o coração de emoção.

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Abraço
Lena