quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ao ritmo da Lusofonia

A dança também pode ser uma boa oportunidade pedagógica para se aprender a língua portuguesa, e foi isso que o CPR de Brozas fez, inserido no projecto “Uma viagem pela Lusofonia”, ao trazer a Professora de Dança Elsa Aleixo para uma aula prática de danças tradicionais de vários países em que se fala português.

O ginásio do IES Loustau-Valverde, em Valencia de Alcántara, encheu-se de ritmo, alegria em movimento ao som dos passos de danças como o “Caranguejo” do Brasil, o “Founaná” de Cabo Verde, o “Regadinho” português ou o, também oriundo de Portugal, “Sariquité”.

O pior foi a coreografia do “Mat’aranha” em que a coordenação, direita, esquerda, não era a melhor! Mas o mais importante foi o convívio, a boa disposição, a música étnica e tradicional, a expressão corporal, tudo isso num contexto de imersão linguística em português.

Este foi mais um passo, desta vez um “passo de dança”, para a promoção da língua portuguesa na comunidade autónoma da Extremadura, no contexto da formação contínua de professores, e esperamos poder dançar mais vezes no futuro!

1 comentário:

Carlos Luna disse...

JORNAL "REGISTO"(distribuição gratuita por todo o Alentejo), 23-Fevereiro-2009(artigo com
uma segunda parte bastante boa, e profunda)
JORNADAS CULTURAIS REUNEM LINGUISTAS E HISTORIADORES DE PORTUGAL E ESPANHA
OLIVENÇA DEBATE IMPORTÂNCIA CULTURAL DA LÍNGUA PORTUGUESA
(artigo não assinado; gravura com a parte final da Carreira, o "Terreiro do Chão
Salgado", destacando-se a calçada portuguesa)
No próximo Sábado, 28 de Fevereiro (de 2009) celebrar-se-á, no Convento de São João de
Deus, em Olivença, uma Jornada sobre o Português Oliventino, organizada pela Associação
cultural Além Guadiana e com a colaboração do Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças,
da Junta da Extremadura, da Deputação de Badajoz e da Câmara Municipal de Olivença.
Segundo a organização, este evento pretende constituir um foro de informação e debate
em torno à
importância da língua portuguesa, criando assim iniciativas que contribuam
para a sua vitalização.
A Língua Portuguesa fala-se em Olivença desde a Idade Média. Até meados do Século XX,
o uso do Português era majoritário, com uma população que se poderia classificar de
bilingue. Hoje encontra-se num evidente processo de desaparição, reduzida a falantes
situados nas idades superiores aos 65 anos.
Nesta Jornada, linguistas, universidades de Portugal e Espanha e instituições como o
Conselho da Europa e oInstituto Camões estarão prtesentes para falar do valor cultuiral
dos dialectos e das línguas minoritárias na Europa, das características do Português que
se fala em Olivença e das possíveis atuaçõesa para reverter a dinâmica da desaparição de
uma língua que faz parte da identidade cultural oliventina.
Em pouco mais de dois séculos de domínio espanhol quase desapareceu o dialecto luso.
Só os mais idosos é que fazem uso do idioma, mas apenas em ambiente familiar.
O último relatório do Comité de Peritos do Conselho da Europa, que faz um balanço
crítico da aplicação da Carta Europeia das Línguas Minoritárias ou Regionais, aprovada em
1992, recomendou no final de 2008 que os naturais de Olivença devem ter acesso à
aprendizagem da l+ingua lusa. O documento defende "a protecção e promoção do português
oliventino".
Para evitar que a ligação ao dialecto luso se perca, o Conselho da Europa propõe o
desenvolvimento de um modelo de aprendizagem do dialecto português. No entanto, e pese
embora as melhorias verificadas no domínio da aprendizagem, constrangimentos de natureza
social e cultural, sobretudo a pressão exercida pelo castelhano, impedem a fluência do
idioma no território que os espanhóis ocupam desde 1801, conforme tem sido denunciado por
vários investigadores portugueses.
A este propósito, Maria de Fátima Matias, docente da Universidade de Aveiro, no seu
trabalho de investigação com o título "A Agonia do Português em Olivença", publicado na
revista de Filologia Românica (2001), conclui que, decorridos pouco mais de 200 anos de
ocupação espanhola, esta contribuiu fortemente para o progressivo "desconhecimento do
suporte escrito da língua portuguesa".
Actualmente, o português oliventino está "linguistica e socialmente desprestigiado"
por estar "ausente da instituição escolar, da administração pública, da igreja e dos
media". Rapidamente foi identificado com a "ruralidade e o analfabetismo, como se fosse o
eco do passado", considerado um "chaporrêo", uma "forma corrupta de falar, uma linguagem
desajeitada", realça Fátima Matias, frisando que a rejeição do português atingiu "maior
veemência no sexo feminino", em sintonia com estudos similares que apresentam as mulheres
na liderança da adesão à língua oficial. Também o linguista Manuel Jesus Sanchez
Fernandez, no seu trabalho "Português de Espanha; exemplo: o de Olivença", editado em
2004, reconhece que o idioma luso "está em risco".
A este propósito, a Carta Europeia considera que a utilização de uma língua regional
ou minoritária na vida privada e pública "constitui um direito imprescindível, em
conformidade com os princípios contidos no Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e
Políticos das Nações Unidas, e de acordo com o espírito da Convenção para a Protecção dos
Direitos do Homem e das Liberdades".


O PORTUGUÊS NÃO MORREU EM OLIVENÇA
(homenagem à jornada de 28-Fevereiro-2009 da língua portuguesa em Olivença)

Há setecentos anos, em Português,
nasceste como vila alentejana.
O teu castelo se fez com rapidez
e cresceste pujante e raiana.

Olivença, o nobre e o camponês,
no palácio ou na choupana,
falavam com toda a altivez
a sua linguagem lusitana!

A História colocou-te, dividida,
entre dois mundos em disputa.
Tua velha voz foi enfraquecida.

Mas a tu´alma sobreviveu à luta!
E de novo, porque nunca vencida,
é a língua de Camões que se escuta!

Estremoz, 25-Fevereiro-2009
Carlos Eduardo da Cruz Luna



VIVA O PORTUGUÊS DE OLIVENÇA!!!

Lusa língua que em ti se fala
como fruto da tua memória;
não se deixe que haja quem a cala
e defenda ser tal uma vitória!!

Em Olivença há quem faça gala
em odiar a voz da História,
e tente sepultá-la numa vala
como morta sem honra ou glória!!

A tua velha fala portuguesa
com o seu alentejano acento
revela música e beleza...

Não esqueças que todo o sentimento
p´ra ser profundo e ter grandeza
busca sempre nos avós alento!

Carlos Eduardo da Cruz Luna
Estremoz, 25 de Fevereiro de 2009