"A língua mirandesa é um dialecto do asturiano. Língua românica falada no Norte da Península Ibérica. É falada em Terra de Miranda (Portugal), por quinze mil pessoas nas aldeias do concelho de Miranda do Douro e de três aldeias do concelho de Vimioso, num espaço de 484 km², estendendo-se a sua influência por outras aldeias dos concelhos de Vimioso, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e Bragança.
O mirandês tem três dialectos (mirandês central ou normal, mirandês setentrional ou raiano, mirandês meridional ou sendinês) e a maioria dos seus falantes são bilingues ou trilingues, pois falam o mirandês, o português e o castelhano".
Eis uma excelente sugestão para um passeio! E já agora, uma vez que se fala de elevar a raia a património da humanidade, porque não fazer o mesmo com o Mirandês e o Barranquenho?
5 comentários:
Ó Luís, conheces o disco "Traz os Montes" (sic) da Né Ladeiras? É uma maravilha.
Não conheço, mas vou seguir a tua sugestão! Um abraço amigo Pedro!
Links com blogues em língua mirandesa em http://agarramestespalos.blogspot.com
14congressoalentejoxxi@gmail.com
Inscrição(I): Carlos Eduardo da Cruz Luna, Rua General Humberto Delgado, 22, R/C
7100-123-ESTREMOZ 268322697 939425126 carlosluna@iol.pt caedlu@gmail.com
UM LUGAR ONDE A LÍNGUA PORTUGUESA (VARIEDADE ALENTEJANA...)ESTÁ EM AGONIA
SALVAR O PORTUGUÊS EM OLIVENÇA
(inclui reflexões de um jovem local de 28 anos )
( UM RESUMO, PRIMEIRO !)
Em 1840, trinta e nove anos após a ocupação espanhola (1801), o Português foi proibido
em Olivença, inclusivamente nas Igrejas.
Todavia, ele foi sobrevivendo, numa deliciosa toada alentejana, que logo
as autoridades, vigilantes, classificaram como "chaporreo", palavra de
difícil tradução (talvez "patois"; talvez "deturpação"), que criou complexos
de inferioridade nos utilizadores, levando-os, cada vez mais, a usar a
Língua Tradicional apenas a nível caseiro, dentro do aconchego do lar.
Mesmo com esses condicionalismos, depois de duzentos anos de pressão, ela
é entendido e falado por cerca de, pelo menos 35% da população, segundo
cálculos da União Europeia (Programa Mosaic).
Como sucede, contudo, neste casos, em qualquer ponto do Globo, o
Português foi perdendo prestígio. Não sendo utilizado nunca em documentos
oficiais, na toponímia (salvo se traduzido e deturpado), ou em qualquer
outra situação que reflectisse a dignidade de um idioma, manteve-se,
discretamente, por vezes envergonhadamente.
A ditadura franquista piorou a situação. Nas décadas de 1940, 1950, e 1960, era
raríssimo, mesmo impossível em alguns casos, encontrar professores,
polícias, funcionários em geral, que fossem filhos da terra oliventina, na
própria Olivença. Colonizadores inconscientes, peões numa política geral de
destruição das diferenças por toda a Espanha.
Por ironia da História, alguns desses cidadãos "importados", com muito
menos complexos que os naturais porque não tinham, quaisquer conflitos de
identidade, ou os seus filhos, puseram-se a estudar os aspectos "curiosos",
"específicos", da cultura oliventina, acabando por produzir
trabalhos de valor sobre a cultura da sua Nova terra, que podem chamar para
sempre, e sem contestações, de Terra Mãe, por adopção, por paixão, ou já por
nascimento.
A Democracia abriu algumas novas perspectivas, mas os fantasmas não
desapareceram de todo. Alguns cursos de Português foram surgindo, com maior
ou menor sucesso. Por vezes ao sabor de questões políticas, como durante a
Década de 1990 . Em 1999/2000, continuando em 2000/2001, a Embaixada de
Portugal em Madrid, e o Instituto Camões, passam a apoiar o apoiar o ensino
do português no Ensino Primário em todas as Escolas de Olivença. Incluindo
as Aldeias. Apenas Táliga, antiga aldeia de Olivença transformada no Século
XIX em município independente, está ainda de fora deste projecto, para o
qual foram destacados, primeiro três, depois quatro professores portugueses.
É urgente acudir a Táliga, onde só 10% da população ainda tem algo a ver com
a Língua de Camões.
Foi dado um primeiro e importante passo. Mas não se tem revelado
suficiente. O Estado Português deverá tentar influenciar mais a tomada de
outras medidas, dada até a sua posição sobre o Direito de Soberania sobre
Olivença: o ensino da História (que não é feito em parte nenhuma em
Olivença), por exemplo: a utilização prática da Língua, em documentos
oficiais, toponímia, etc.; a continuação do Estudo do Português até níveis
de ensino mais avançados; e tantas coisas mais que se poderiam referir!
Acima de tudo, é preciso dar ao Português dignidade... e utilidade.
Revalorizar o Português que sobrevive, o qual, por ser uma variante da fala
lusa regional do Alentejo, é vítima de comentários pouco abonatórios.
Deve-se "fazer a ponte" entre as velhas gerações e os jovens alunos.
Ensinando-lhes, por exemplo, a partir de exemplos da velha poesia popular e
erudita oliventina, no idioma de Camões, e que é ainda, graças a recolhas
etnográficas e a alguns poetas populares vivos, suficientemente conhecida
para tal. Porque, sem perceberem que estão a dar continuidade à cultura dos
seus avós, os jovens oliventinos dificilmente compreenderão que aprender a
língua lusa é muito diferente de aprender uma língua estrangeira (Inglês,
Francês, Alemão). É preciso dizer claramente que o Português é
imprescindível para que as novas gerações compreendam o que as gerações
anteriores quiseram transmitir.
Por tudo isto, a situação actual não é famosa. Há estudos recentes que falam em
"declínio do Português em Olivença", no seu uso coloquial, como um trabalho
da Professora Maria de Fátima Resende Matias, da Universidade de Aveiro.
Como dizia um jovem oliventino (Junho de 2007), a este respeito, «isto é uma
verdadeira tragédia; depois de pouco mais de 200 anos, o português vai
desaparecer em Olivença; a alma dos povos é a lingua; a lingua é a memória,
é tudo; em Olivença vam ficar sómente as pedras, as fachadas, do que foi o
seu passado português; Nao há nada mais triste que conhecer que o fim vai
chegar e ninguém fiz[fez] nada para evitá-lo; ninguém compreende que a morte
do último luso-falante vai ser a morte da alma portuguesa, o fim de gerações
falando português nas ruas, nas moradias, no campo oliventino, ao longo de
mais de sete seculos?». E continua: «O artigo da senhora Fátima Matias
explica perfeitamente as razoes e o contexto da agonia do português em
Olivença; mas... agora já não há ditadura; Deveriamos ficar orgulhosos de ter esta
riqueza linguística e procurar a defesa e o ensino do português oliventino; (...) e,
um pouco também, o Estado português é também responsavel; com independência
de questões de índole soberanista, deveria implicar-se na promoção do
português em Olivença e nao sómente não reconhecer [a soberania espanhola] e
não fazer nada.»
Pode-se aplaudir o que se faz hoje, mas é imprescindível algo mais:
faça-se um estudo do Português-Alentejano falado em Olivença, e ligue-se o
mesmo ao Português-Padrão ensinado nas Escolas, de modo a fazer a ligação
entre as gerações e produzir uma normal continuidade que deveria
naturalmente ter ocorrido. Assim se corrigirá a distorção introduzida pela
pressão do Castelhano. Este estudo pode ser feito por quem se mostre capaz
de o fazer: portugueses, mas também alguns especialistas e linguistas
extremenhos. A nenhum Estado (Portugal ou Espanha) se poderá perdoar deixar
morrer uma cultura !
O aspecto político da questão, que existe, pode ser secundarizado ao máximo.
O Primeiro passo poderão ser umas Jornadas, ou um Congresso, sobre o
tema, que reuna a participação de especialists e autoridades das mais
diferentes origens, unidos pela sua boa vontade...
Estremoz, texto de Masio de 2008
Carlos Eduardo da Cruz Luna
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TEXTO INTEGRAL:
APELO A ESPANHÓIS E PORTUGUESES PARA SALVAÇÃO DE UMA LÍNGUA
A SITUAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA EM OLIVENÇA
1)CONSIDERAÇÕES PRÉVIAS/SITUAÇÃO DO ALENTEJANO
Já não se considera, hoje em dia, que seja "natural" a desaparição de uma língua. Muito
menos se aceita que haja línguas "superiores" e "inferiores".
Sabemos que uma língua viva sofre evolução. Isso é diferente de defender que uma
linguagem deva desaparecer, ainda que tal possa ocorrer.
Uma língua não é só um conjunto de sons, articulados de forma convencional, de modo a
designar algumas necessidades básicas de comunicação. Uma língua, sabemo-lo hoje, é um
Universo Cultural no qual, entre outras coisas, se encerram os pensamentos, as emoções,
as percepções do Mundo. A língua reflecte a História, e influencia-a por sua vez.
Línguas houve que não sobreviveram. Outras que foram salvas à beira da extinção.
Lembramo-nos todos do caso do Mirandês.
Mesmo as línguas menos utilizadas mostram muito do Universo em que evoluíram. Refletem a
História de um grupo humano.
O Português, porque é uma língua viva, não parece ter os problemas de sobrevivência de
uma língua minoritária. Afinal, não tardará muito que tenha trezentos milhões e
utilizadores. A sua divresidade enriquece-a permanentemente.
Mas... porque não é uniforme, nem está parada no tempo, a Língua Portuguesa sofre
agressões. E algumas das suas, digamos, formas, podem estar ameaçadas. Ninguém duvida,
por exemplo, que a "forma" alentejana de falar o Português esteja em relativo declínio.
Mesmo porque ( e aqui entram aspectos políticos ), ao privilegiarem-se unitarismos
linguísticos ditos "cultos" e centralismos castradores e preconceituosos, não houve
grandes cuidados em preservar esse património cultural que era ( e ainda é ) o
"alentejano".
Apesar de tudo, o "alentejano" é um dialecto, ou subdialecto, do Português. Os falantes
do Português Padrão, os falantes actuais da língua lusa no Alentejo, se verdadeiramente
cultos, procurarão preservá-lo, registá-lo por escrito, explicá-lo. E, porque o
"alentejano" tem raízes conhecidas, ele será, pelo menos, compreendido... embora corra o
risco de ser pouco "sentido".
Àqueles que consideram o "alentejano" uma forma inferior, por só verem o prestígio social
numa forma de se expressar e não a sua lógica interna, a sua riqueza cultural, ou o seu
valor histórico, nada há a dizer, pois essas pessoas não poderão ser consideradas como
verdadeiramente cultas.
Para quem a língua é mais do que isso, para aqueles que têm do fenómeno linguístico uma
visão mais humanista, muito há a dizer.
O "alentejano" tem séculos de existência". Numa época em que se procura tornar
impensadamente igual tudo o que rodeia o Homem, esquecendo-se que uma das coisas que mais
o satisfaz é a diversidade, há que lutar para que não morra. Essa é uma tarefa de todos
os alentejanos, e de todos os amigos da cultura, portugueses ou não.
A luta é difícil, mas há meios, é possível aceder a informação, e nada, senão muitas
vezes os preconceitos dos próprios alentejanos, impede que se faça um esforço nesse
sentido.
2) UMA REGIÃO ONDE O "ALENTEJANO" ESTÁ EM RISCO
Mas... a Língua Portuguesa, e, neste caso concreto, a sua forma alentejana, corre riscos,
e sérios, de extinção, num espaço geográfico onde era "rei e senhor". Numa região que
fica junto da sua matriz natural. As opiniões políticas não são consensuais sobre ela,
mas procuremos evitar essa polémica, embora não o possamos desdenhar completamente, com o
risco de elaborarmos um diagnóstico incorrecto e de prováveis soluções "curativas" não
poderem, por isso, ser eficazes.
Refiro-me à Região de Olivença, hoje constituída por dois Concelhos: Olivença e Táliga.
No total, pouco mais de 12 000 habitantes em 463 Km.2. Aqui, infelizmente, conforme foi
denunciado por dois estudos linguísticos bem significativos (Maria de Fátima Resende
Matias, "A AGONIA DO PORTUGUÊS EM OLIVENÇA", 2001 ,Revista de Filologia Românica, vol.
18, 201, e Manuel Jesus Sánchez Fernàndez, "PORTUGUÊS DE ESPANHA. EXEMPLO: O DE
OLIVENÇA", 2004 ), o Português está em risco. Está "em agonia", diz um dos estudos.
Não é uma história bonita, esta. E está incompleta. Todavia, a História da sobrevivência
da Língua Portuguesa em Olivença terá que ser feita um dia. Mais do que sobrevivência, é
uma História de Resistência, dados a pressão e os condicionalismos vários, ainda muito
mal estudados.
Mas tem que ser contada, uma e outra vez, enquanto é tempo. O drama começou em 1801...
Tem-se aqui de se referir toda uma política. Não se pretende levantar uma polémica, mas
não é possível compreender o que se passou, e a situação actual, ocultando-se factos
decisivos.
Assim, já em 26 de Janeiro de 1805, suspendeu-se, naturalmente, o uso da moeda portuguesa
em Olivença. As autoridades espanholas comunicaram então a vários ofícios, nomeadamente
aos aguadeiros, que era obrigatório usar medidas espanholas (referiam-se a comprimento,
peso, volume, etc.).
Claro que a Língua não tardaria a sofrer as consequências. A 20 de Fevereiro de 1805, foi
decidido suprimir toda e qualquer escola portuguesa, bem como o ensino do Português. A 14
de Agosto de 1805, as actas da Câmara Municipal passaram a ser escritas obrigatoriamente
em Castelhano, o que fez uma vítima: Vicente Vieira Valério. Este, negando-se a escrever
na Língua de Cervantes, teve de ceder o lugar a outro. E acabou por morrer à mingua de
recursos, personificando um drama cujo desenvolvimento se processaria, geração após
geração.
Há notícias de oposição dos oliventinos a estas medidas. As Escolas privadas continuaram
a ministrar ensino em Português, até que são fechadas a 19 de Maio de 1813, com o
propósito (oficial) "de evitar qualquer sentimento patriótico lusitano" ( A.M.O. leg/Carp
7/2-18, 19-05-1813, n.º 1324; revelado por Miguel Ángel Vallecillo Teodoro, "Olivenza en
su História", Olivença, 1999 ).
Mas, porque eram muitos os oliventinos que queriam que os seus filhos fossem educados na
língua materna, continuaram a existir professores particulares para o fazer. O
"Ayuntamiento" não hesitou, e proibiram-se "as aulas particulares, sob pena de multa de
20 Ducados", em 1820 ( A.M.O. leg/Carp 8/1-171, 7-10-1820, n.º 1704; revelado, também,
por Miguel Ángel Vallecillo Teodoro, "Olivenza en su História", Olivença, 1999 ).
A população oliventina mantinha as velhas tradições, a vários níveis, procurando agir
como se nada tivesse mudado. Mas tal foi sendo cada vez mais difícil, e muita gente foi
emigrando, principalmente para as povoações portuguesas mais próximas.
Em 1840, trinta e nove anos após a ocupação espanhola ( recorde-se: efectuada em 1801 ),
o Português foi proibido em Olivença, inclusivamente nas Igrejas. O combate contra a
Língua de Camões já vinha de trás, todavia.
Algumas elites forma aceitando o castelhano. O Português foi-se mantendo, teimosamente,
principalmente a nível popular. Numa deliciosa toada alentejana, que logo as autoridades,
vigilantes, classificaram como "chaporreo", palavra de difícil tradução (talvez "patois";
talvez "deturpação"), que criou complexos de inferioridade nos utilizadores, levando-os,
cada vez mais, a usar a Língua Tradicional apenas a nível caseiro, dentro do aconchego do
lar, em público, quase só por distracção, ou com amigos próximos.
3) ÂNGELO BREA HERNANDEZ E AS SUAS CONCLUSÕES
Cabe aqui citar algumas considerações do autor contemporâneo Ângelo José Brea Hernandez,
o que já fiz, sem hesitar, noutros trabalhos. A maneira como ele descreve o fenómeno de
destruição de uma língua, tornada minoritária ,são de extrema actualidade.
Segundo o citado, é costume, no colonialismo "tradicional", considerar a Cultura
Dominante como muito superior às culturas dominadas. Tal situação verifica-se sempre em
qualquer situação colonial, já que uma cultura tenta destruir a outra. Sem nos limitarmos
apenas ao exemplo do Colonialismo Clássico, podemos analisar este aspecto através de
outras situações. Assim, é sabido que a Cultura Urbana tenta dominar a Cultura Rural; que
a cultura da Grande Cidade procura dominar a das pequenas cidades; que a Cultura das
Regiões Centrais tente dominar as Culturas das Regiões Periféricas. Todavia, nestes casos
quase não existe um conflito num sentido clássico ou violento do termo. Já, por exemplo,
no colonialismo europeu em África, as diferenças são significativas, e o conflito assume
formas bem violentas...
Todavia, entre culturas próximas, a cultura dominante tem evidente facilidade em
assimilar a da sua região dominada. À partida, já muita coisa é igual!
Não obstante, e por estranho que pareça, isso nunca é completamente possível. Isto porque
se de facto a região, mesmo pequena, tem uma cultura própria ainda que parecida, há
muitos factores que o impossibilitam ou dificultam em externo, como a própria dinâmica
interna da língua, a psicologia, o carácter, os nomes e apelidos, a arquitectura, e
muitas outras coisas, de maior ou menor revelância. Por isso, por toda a Europa, por
exemplo, em muitos Países, algumas culturas locais conseguiram resistir e conquistar o
direito à diferença. Nacionalidades/Culturas que se julgam mortas renasceram. Desde
talvez os Séculos XVI e XVII, o colonialismo, ou colonização, e a aculturação forçada,
perderam quase toda a sua eficácia na maior parte da Europa. As pequenas regiões, mesmo
falando línguas dos seus dominadores, não aceitam a sua destruição.
Também não há razões fundamentais, hoje em dia, para se considerar que as culturas
maiores em área ou população têm mais direitos do que as menores. E parte-se do princípio
que, entre povos e estados modernos, Estados de Direito, os problemas culturais, ou
fronteiras, ou outros, já não são tão dramaticamente conflitivos como noutros tempos. Por
outro lado, deixar problemas por resolver, ignorando-os, provou não ter sido uma atitude
correcta, como o provaram os conflitos aparentemente ilógicos e cruéis na antiga
Jugoslávia...
Também muitos argumentos de carácter económico mostraram não ser definitivos... porque
nada é definitivo! Hoje, uma economia está mais forte... mas, no passado, não era isso
que se verificava! E... quem pode dizer como vai ser o futuro?
Afinal, NÃO HÁ CULTURAS SUPERIORES OU INFERIORES. HÁ CULTURAS DIFERENTES, TODAS
RESPEITÁVEIS. NÃO HÁ OUTRO CAMINHO VISIVEL PARA O FUTURO QUE NÃO SE BASEIE NESTE
PRINCIPIO. Na verdade, a causa de muitos conflitos actuais está no NÃO CUMPRIMENTO OU
ACEITAÇÃO deste princípio, quer no passado, quer no presente. Desta forma, alguns dos
argumentos tradicionais para justificar algumas aculturações estão sujeitos a uma curiosa
evolução, perdendo valor, enquanto outro tipo de argumentos ganham peso.
4) VOLTANDO A OLIVENÇA
O hábito e o amor-próprio levavam o oliventino a, quase constantemente, "saltar" do
castelhano para o português. De tal forma que, depois de duzentos anos de pressão, ele é
entendido e falado por cerca de, pelo menos 35% da população, segundo cálculos da União
Europeia (Programa Mosaïc).
Como sucede, contudo, neste casos, em qualquer ponto do Globo, o Português foi perdendo
prestígio. Não sendo utilizado nunca em documentos oficiais, na toponímia (salvo se
traduzido e deturpado), ou em qualquer outra situação que reflectisse a dignidade de um
idioma, manteve-se, discretamente, por vezes envergonhadamente. A Televisão e a Rádio
vieram aumentar a pressão sobre o seu uso e compreensão.
A Ditadura Franquista acentuou a castelhanização. Agora oficialmente, o Português era uma
Língua de quem não tinha... educação! Uma Língua de Brutos, ou, como também se dizia, uma
Língua Bárbara!
Não obstante, ela sobreviveu. Mesmo nas ruas, surgia e ressurgia, a cada passo...
raramente na presença da autoridades. Mesmo algumas elites continuavam a conhecê-la,
embora numa fracção minoritária.
Nas décadas de 1940, 1950, e 1960, era raríssimo, mesmo impossível em alguns casos,
encontrar professores, polícias, funcionários em geral, que fossem filhos da terra
oliventina, na própria Olivença. Colonizadores inconscientes, peões numa política geral
de destruição das diferenças por toda a Espanha.
Se há ironias na História, esta pode ser uma delas. Alguns desses cidadãos "importados",
com muito menos complexos que os naturais porque não tinham, quaisquer conflitos de
identidade, ou os seus filhos, puseram-se a estudar os aspectos "curiosos",
"específicos", da cultura oliventina! "Oliventinizados", por vezes até, ainda que
ligeiramente, em termos linguísticos, acabaram por produzir trabalhos de valor sobre a
cultura da sua Nova terra, que podem chamar para sempre, e sem contestações, de Terra
Mãe, por adopção, por paixão, ou já por nascimento.
5) NOVOS TEMPOS/ALGUMAS PROPOSTAS DE SOLUÇÃO
A Democracia deveria ter aberto novas perspectivas, mas os fantasmas não desapareceram de
todo. Alguns cursos de Português foram surgindo, com maior ou menor sucesso. Por vezes ao
sabor de questões políticas, como durante a Década de 1990 por causa dos avanços e recuos
no atribulado processo que levou à construção de uma nova Ponte da Ajuda o Guadiana,
entre Elvas e Olivença (inaugurada em 11 de Novembro de 2000).
Em 1999/2000, continuando em 2000/2001, a Embaixada de Portugal em Madrid, e o Instituto
Camões, passam a apoiar o apoiar o ensino do português no Ensino Primário em todas as
Escolas de Olivença. Incluindo as Aldeias. Apenas Táliga, antiga aldeia de Olivença
transformada no Século XIX em município independente, está ainda de fora deste projecto,
para o qual foram destacados, primeiro três, depois quatro professores portugueses.
Aproveite-se para dizer ser urgente acudir a Táliga, onde só 10% da população ainda tem
algo a ver com a Língua de Camões. Urgentíssimo!
Tinha sido dado um primeiro e importante passo. Mas não se tem revelado suficiente. O
Estado Português deverá tentar influenciar a tomada de outras medidas, dada até a sua
posição sobre o Direito de Soberania sobre Olivença: o ensino da História (que não é
feito em parte nenhuma em Olivença), por exemplo: a utilização prática da Língua, em
documentos oficiais, toponímia, etc.; a continuação do Estudo do Português até níveis de
ensino mais avançados; e tantas coisas mais que se poderiam referir!
Não resisto a citar um caso em que a omissão de dados históricos é particularmente
significativa: muitos oliventinos pensam que há "Olivenças" na América Latina, mas pensam
ser no México ou na Argentina, o que é falso. Ignoram,quase todos, que há três Olivenças
no Brasil (uma no interior de Alagoas; outra na costa baiana, junto a São Jorge de
Ilhéus; uma terceira no Amazonas, denominada São Paulo de Olivença), e que houve uma em
Angola (hoje Capunda-Cavilongo) e outra em Moçambique (hoje Lupulichi). Que idéia tem o
oliventino do seu papel no Mundo?
Pouco interessa aqui dar demasiada relevância ao problema que subsiste entre os dois
maiores Estados Ibéricos. O que não se pode negar é e ele existe e influencia esta
problemática, ainda que pouco importe aprofundar aqui quem tem razão. Não se pode,
também, é "fingir" que está tudo perfeitamente definido ! muito menos em nome do
politicamente correcto....
Para já, e acima de tudo, é preciso dar à Língua Portuguesa dignidade... e utilidade.
Descolonizar/Recuperar Cultural e Linguisticamente, pelo menos em termos psicológicos.
Revalorizar o Português que sobrevive, o qual, por ser uma variante da fala lusa regional
do Alentejo, é vítima de comentários pouco abonatórios. Deve-se "fazer a ponte" entre as
velhas gerações e os jovens alunos. Ensinando-lhes, por exemplo, a partir de exemplos da
velha poesia popular e erudita oliventina, no idioma de Camões, e que é ainda, graças a
recolhas etnográficas e a alguns poetas populares vivos, suficientemente conhecida para
tal. Porque, sem perceberem que estão a dar continuidade à cultura dos seus avós, os
jovens oliventinos dificilmente compreenderão que aprender a língua lusa é muito
diferente de aprender uma língua estrangeira (Inglês, Francês, Alemão). É preciso dizer
claramente que o Português é imprescindível para que as novas gerações compreendam o que
as gerações anteriores quiseram transmitir.
6) EXEMPLOS DE FALA OLIVENTINA/UMA VOZ CONSCIENTE
Não resisto a dar aqui alguns exemplos da tradição popular oliventina, dominada pela
terminologia alentejana:
Na Vila de Olivença
não se pode namorar!
As velhas saem ao Sol
e põem-se a criticar!
Ó minha mãe, minha mãe,
"companhêra" de "mê" pai,
eu "tamêm" sou "companhêra"
daquele cravo que ali vai!
Eu tenho uma silva em casa
que me chega à "cantarêra"
busque "mê" pai quem o sirva
que eu "nã" tenho quem me "quêra"!
Olha bem para o "mê" "pêto"
onde está o coração
vê lá se disto há "dirêto"
diz-me agora: sim ou não !
"Azêtona" pequenina
também vai ao lagar;
eu também sou pequenina
mas sou firme no amar.
Saudades, tenho saudades,
saudade das "fêticêras".
Lembrança das amizades
da terra das "olivêras".
Se eu tivesse não pedia
coisa nenhuma a "nênguém"
mas, como "nã" tenho, peço
uma filha a quem a tem.
Adeus, Largo do Calvário
por cima, por baixo não.
Por cima vão os meus olhos
por baixo, meu coração.
Textos destes poderiam multiplicar-se. Ainda, entre os idosos, há quem conheça estas
quadras. Mas entre os jovens, poucos as conhecem. Como é possível que não se ensine
Português aos oliventinos... começando por quadras como estas ? Começando por ouvir
idosos declamarem-nas ?
Exemplos de que não tem sido essa a perspectiva do Ensino do Português ora leccionado
encontram-se, por exemplo, no facto de, durante algum tempo, ter-se considerado que
continuar o Ensino do Português no Secundário, como sucede em Badajoz e noutros locais,
poderia ser perigoso em Olivença. Ridículo! Depois, tal foi levado a cabo, dizem que
quase mais por insistência do Professor João Robles Ramalho, que de outra coisa. E, como
o dito professor morreu, de repente, há uns meses... espera-se que tal não seja usado
como desculpa para não se voltar a ensinar a língua a nível mais avançado. Haja
esperança....
Mas a situação actual não é famosa. Há estudos que falam em "declínio do Português em
Olivença", no seu uso coloquial. Como dizia um jovem oliventino (Junho de 2007), a este
respeito, «isto é uma verdadeira tragédia; depois de pouco mais de 200 anos, o português
vai desaparecer em Olivença; a alma dos povos é a lingua; a lingua é a memória, é tudo;
em Olivença vam ficar sómente as pedras, as fachadas, do que foi o seu passado português;
Nao há nada mais triste que conhecer que o fim vai chegar e ninguém fiz[fez] nada para
evitá-lo; ninguém compreende que a morte do último luso-falante vai ser a morte da alma
portuguesa, o fim de gerações falando português nas ruas, nas moradias, no campo
oliventino, ao longo de mais de sete seculos?». E continua: «O artigo da senhora Fátima
Matias explica perfeitamente as razoes e o contexto da agonia do português em Olivença;
mas... agora ja nao há ditadura; Deveriamos ficar orgulhosos de ter esta riqueza
linguística e procurar a defesa
e o ensino do português oliventino; (...) e, um pouco também, o Estado português é também
responsavel; com independência de questões de índole soberanista, deveria implicar-se na
promoção do português em Olivença e nao sómente não reconhecer [a soberania espanhola] e
não fazer nada.»
Pode-se aplaudir o que se faz hoje, mas é imprescindível algo mais: faça-se um estudo do
Português-Alentejano falado em Olivença, e ligue-se o mesmo ao Português-Padrão ensinado
nas Escolas, de modo a fazer a ligação entre as gerações e produzir uma normal
continuidade que deveria naturalmente ter ocorrido. Assim se corrigirá a distorção
introduzida pela pressão do Castelhano. Este estudo pode ser feito por quem se mostre
capaz de o fazer: portugueses, mas também alguns especialistas e linguistas extremenhos.
A nenhum Estado (Portugal ou Espanha) se poderá perdoar deixar morrer uma cultura !
7) UMA LUTADORA EM NOME DA CULTURA E DA TRADIÇÃO
Há alguém, em Olivença, que é um exemplo. Trata-se de uma Senhora, que não admite que
ponham em causa o seu amor a uma Olivença espanhola. Todavia, e para honra e Espanha,
esta incansável senhora, Rita Asensio Rodríguez, tem dedicado a sua vida a escrever
livros e mais livros, onde descreve os velhos costumes oliventinos, e, o que mais nos
interessa aqui, a sua maneira de falar. Muitas vezes ela opina que se trata de formas
únicas no mundo, pois desconhece o "alentejano". Todavia, ela faz recolha após recolha, e
é ela que mais sabe, hoje em dia, sobre a fala popular oliventina. O seu último trabalho
("Apuntes para una História Popular de Olivenza", 2007), para além de descrever inúmeras
tradições populares, algumas já desaparecidas, tem no fim uma espécie de "pequeno
dicionário" de oliventino-espanhol.
Citar alguns exemplos é a melhor forma de justificar o tema da minha comunicação.
Começo por termos que não foram alterados, e que são comuns ao Português -Padrão:
Alcofa; Atrapalhado; Abóbora; Agriões; Alfazema; Bacorinho; Brincos; Bicas; Bazófia;
Costas; Carocha; Chapéu; Coentro; Calças; Coelho; Courela; Espalhafato; Escaravelho;
Esquecer; Ferro (de engomar); Fornalha; Grãos; Gargalo; Garfo; Ervilhas; Lenço; Maluco;
Melão; Minhocas; Osga; Pousio; Picha; Pintassilgo; Peúgas; Poleiro; Panela; Rola;
Roseira; Ranho; Saudade; Salsa; Turra; Tacões; Ventas (nariz); Vespa.
Sigo com termos alentejanos,ou que considerei como tais para melhor explicar,na sua forma
original, na sua forma actual usada em Olivença, e traduzidos, se necessário:
Azevia/Açubia(-); Alguidári; Alface/Alfaça; Azêtona; Arrecadas/Arcadas (grandes brincos);
Andorinha/Andrurinha; Alarvices; Paleio/Apaleo; Asnêras; Amanhado (arranjado, preparado);
Alicati; Alentar/Alantar (crescer); Aventar (deitar fora, derrubar); Vasculho/Basculho
(vassoura); Melancia/B´lancia; Barbulha (borbulha); Brócolos/Broquis; Bebedêra/Bebedela;
Biquêra; Badana (mulher velha); Baldi; Bandalho (mal vestido); Barranhola/Barranhali
(Banheira); Púcaro/Búcaro; Boleta (Bolota); Caliche (Caliça); Cuitadinho;
Descarada/Cascarada (!); Corremaça (correria); Cueiros/Culêros; Chico (Francisco);
Descasqueado (Limpo); Dôtorice (jactância); Embatucado (sem palavras); Escandalêra;
Engadanhado (impedido de usar os dedos por causa do frio); Empolêrar-se; Esturricar;
Escancarar(abrir totalmente); Ajoelhar-se/Esvoelhar-se; Escavacada/Escavada (!); Entrudo;
Enciêradas (gretadas de frio); Janela/Esnela; Centopeia/Entopeia; Falhupas (chiapas de
lume); Esfregão/Fregón; Fartadela; Feij
ão-frade/Fradinho; Fanhoso; Fedorento/Fudurento; Fêtecêra; Farinhêra mole;
Ferrugento/Furrugento; Fatêxa; Garganêro (açambarcador, egoísta); Galiquêra ou Caliquêra
(doença venérea); Libória (tonta); Lençoli/Lançoli; Leque/Lecre; Mangação/Mangaçón
(troça); Melhoras (Boas melhoras); Monte/Monti (Herdade); Mexeriquêra/Mixiriquêra;
Mascarra (Sujidade, Amorenado); Mondar (actividade agrícola); Nódoas/Nodas;
Pantanêro/Patamêro (lama); Cair de Pantanas (cair de costas); Pelintra/Pilintra;
Passarola/Passarinha/Passarilha (Púbis e vulva); Piali (Poial); Reboliço/Raboliço;
Remela/Ramela; Repesa (arrependida); Ralhar/Rayari; Rabujento/Rabulhento;
Ceroulas/Cirôlas; Chocalhos/Sacayos; Surrelfa; Saboria (Sensaboria); Cenoura/Cinôra;
Sabola (Cebola); Tanjarina; Devagarinho/Vagarito; Velhici; Varais dos òculos/Varales dos
ócalus; Sarrabulho (confusão, desorganização)
Lamento ter-me alongado, mas talvez assim tenha transmitido algo de concreto que de outra
forma não seria possível. Ouviram falar "alentejano", ou oliventino... como queiram; e
esta senhora, Rita Asencio Rodríguez, tem mais três ou quatro livros mais antigos
publicados dede há trinta anos.
Como se pode deixar perder tudo isto? A História não nos perdoaria.
8) ALGUNS EXEMPLOS COLHIDOS AQUI E ALI
Não resisto a lembrar algumas reacções com que me deparei em Olivença.
Por exemplo, numa aldeia, falando em Português com os donos de um "estanco" de Tabacos,
insisti no conhecimento histórico e na preservação da língua. Os interlocutores, falando
em Português, contestavam essas opiniões. Dei o exemplo deles próprios, a falar a língua
lusa. A reacção foi devastadora: "Malditos dos nossos pais, que nos deixaram esta língua!"
Outro exemplo: num Monte (herdade) oliventino, falando com uma senhora de, talvez, trinta
anos, fui correspondido em português/alentejano. Recordo uma frase dela, ao dirigir-se ao
marido: "Segura aqui no "minino", para eu temperar a "selada".
Mas, cerca de cinco minutos depois de conversação, a mesma senhora, sem que nada o
fizesse prever, interrompia o seu discurso na língua de Camões, e declarou, aterrada:
"Desculpe! Estou a falar em Português! É falta de Educação!"
Começou a falar em castelhano. Claro, contestei a decisão... ouvindo aquilo que talvez
mais irrita um alentejano em Olivença (e se ouve continuamente...) como justificação:
"Isto que a gente fala já não é Português, é um "chaporreo".
Um outro exemplo pretende mostrar como o Português que se ensina actualmente em Olivença
provoca choques geracionais. Um idoso de um Monte (herdade), quando foi por mim elogiado
por falar idioma luso, ripostou-me: "isto já não é Português, nem é nada. A minha
sobrinha, que aprende na Vila (Olivença), é que fala um Português verdadeiro. Ela até me
critica!"
Para acabar, um exemplo mais pitoresco. Encontrei em Olivença um homem de cerca de
cinquenta anos, que, ironizando, me disse que falava Português porque nessa língua "não
há confusões entre Padre (sacerdote) e Pai." Aqui, uma posição crítica em relação ao
cristianismo ajudava a preservar a língua.
9) JÁ OS ANTIGOS SABIAM...
A atitude de muitos oliventinos, que se orgulham de já falarem espanhol "sem acento", e
de já não se distinguirem dos "espanhóis verdadeiros", o que, já por si, é uma afirmação
curiosa, faz-me lembrar uma "análise" de Tácito, sobre o modo como os conquistados pelo
Império Romano iam aceitando a Cultura do Conquistador.
Dizia ele: "(...) os mais propensos há pouco a rejeitar a língua de Roma ardiam agora em
zelo para a falar eloquentemente. Depois isto foi até ao vestuário que nós temos a honra
de trajar, e a toga multiplicou-se, progressivamente. Chegaram a gostar dos nossos
próprios vícios, do prazer dos pórticos, doa banhos e do requinte dos banquetes, e estes
iniciados LEVAVAM A SUA INEXPERIÊNCIA A CHAMAR CIVILIZAÇÃO AO QUE NÃO ERA SENÃO UM
ASPECTO DA SUA SUJEIÇÃO."
Podemos transpor esta reflexão para o campo linguístico em Olivença. E só nos podemos
espantar com "a sabedoria dos antigos", como se costuma dizer.
10) CONCLUSÕES
Contrariar a situação de agonia do Português Popular de Olivença é uma tarefa que não se
limita aos defensores da lusofonia. Para já, alguns possíveis "remédios" foram propostos
ao longo deste trabalho.
Mas a questão NÃO É SÓ lusófona.
Quero deixar aqui um apelo a Espanha, e muito particularmente às autoridades da
Extremadura Espanhola, e ainda mais particularmente às autoridades municipais da Região
Histórica de Olivença.
Não importa que se defenda que Olivença deve ser espanhola, portuguesa, ou até mesmo
francesa ou coreana. O que não é digno é que, em pleno Século XXI, numa Europa que se diz
herdeira e praticante de valores humanistas e democráticos, nada se faça para combater o
risco de desaparição de uma língua, que é o reflexo de toda uma cultura.
Não é aceitável que não se procure restituir a dignidade a uma cultura tradicional.
Também não é muito digno que não se informe toda uma população das suas raízes e da sua
História. Se se quiser, recorrendo a uma frase feita, "não é europeu", e nem sequer
politicamente correcto.
Também o Estado Português não está isento de culpas. Independentemente de aspectos
políticos e de contestação de traçado de fronteiras, aspectos que não importa desenvolver
aqui, Lisboa tem a obrigação de agir. Ao abrigo das suas competências, pode, deve,
transmitir muito claramente o seu descontentamento e a sua apreensão. Propor soluções.
Editar brochuras. Protestar contra a ocultação da História. Como faz noutros pontos do
mundo em que há presença portuguesa.
"A minha Pátria é a Língua Portuguesa", disse Fernando Pessoa, tão citado por elites
variadas. Passe-se à prática este princípio !
Pela minha parte, pela nossa parte, não nos calaremos, e desde já nos propomos a ajudar
pessoas ou instituições, independentemente da sua orientação política ou da sua
nacionalidade, para combater a agonia do Português em Olivença.
O Primeiro passo poderá ser um Congresso, ou umas Jornadas, ou uns Encontros, sobre o
tema, que reúna a participação de especialistas e autoridades das mais diferentes
origens, unidos pela sua boa vontade...
Estremoz, 06 de Maio de 2008
Carlos Eduardo da Cruz Luna
Carlos Luna Estremoz, Portugal carlosluna@iol.pt // caedlu@gmail.com
El mirandés es el lionés de Miranda, endigual qu'el estremeñu es el d'Estremaura, u el montañés el de Cantábria. I es luenga oficial nessi pais. Asperu qu'el chascu e Miranda seya ehempru palos pulíticus españolis, polque a pesal de que Purtugal tiini menus varieá ena custión luengüíntica, están más avançaus nessi sentiu i la oficialiá las sus variantis idiomáticas están más esarrollás. Lo pol qué corciu la Junta nu apoya el estremeñu? Lo pol qué el asturianu nu tiini oficialiá? Lo pol qué pahi que nu dessisti el lionés? Un salú!
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