segunda-feira, 5 de março de 2007

Lampião e Maria Bonita (II)

Maria Bonita era o apelido de Maria Gomes de Oliveira, a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Nasceu em 8 de março de 1911.
Com 15 anos, casou com um sapateiro, José Miguel da Silva, conhecido como Zé Neném. A vida ao lado do marido era ruim, viviam brigando e não tiveram filhos. A cada desavença Maria Bonita ia para a casa dos pais e durante uma destas estadas, em 1929, conheceu Lampião, quando este tinha quase 33 anos e Maria pouco mais de 20.

A família vivia em Santa Brígida, Bahia, lugar por onde "Rei do Cangaço" costumava passar várias vezes, a caminho do Sergipe. Os pais de Maria Bonita sentiam pelo Capitão uma mistura de respeito e admiração. A mãe contou a Lampião que sua filha era sua admiradora. E no ano seguinte, ao passar pela fazenda, Virgolino levou Maria, com o consentimento de sua mãe. Durante os oito anos que viveu com Lampião, esteve totalmente apaixonada por ele e teve quatro gestações, sobrevivendo apenas uma menina, Expedita, que nasceu em 1932 e foi criada anonimamente por coiteiros.

Primeira mulher cangaceira, Maria Bonita era tratada como a esposa do chefe, respeitada por sua braveza e beleza, típica da mulher sertaneja: baixa, cheinha, olhos e cabelos escuros, dentes bonitos, pele morena clara.


Maria Bonita era a Musa e a Rainha do Cangaço e ocupava-se entre outras coisas de costurar a indumentária dos cangaceiros. Em alguns momentos, a intervenção de Maria Bonita impediu vários atos de crueldade de Lampião. Depois dela, os outros cangaceiros também trouxeram suas companheiras para fazerem parte do bando. Geralmente as mulheres não participavam dos combates e ficavam preservadas em lugares seguros por seus companheiros. As mulheres neste grupo viviam de maneira diferente das donas de casa, não lavavam e nem passavam. As armas pequenas que levavam serviam somente para dar uma aparência de guerreira. Se destacaram: Dadá, esposa de Corisco, Lídia, mulher de Zé Baiano e outra Maria, mulher de Pancada, Dulce, amiga de infância de Maria Bonita, Sila, mulher de Zé Seleno, Maria dos Santos, etc. Somente Dadá, sobre quem iremos falar agora, lutava. Algumas mulheres eram escolhidas para serem esposas de cangaceiros contra suas vontades. Outras, viam no bando de Lampião uma forma heróica de escapar da repressão familiar e viver aventuras livremente.

Nascida com o nome de Sérgia Ribeiro da Silva, em Belém, no dia 25 de abril de 1915, morava na Bahia quando seu primo Corisco a levou como esposa para o Cangaço. Muito bonita, forte - tinha 1,70 m - e valente, Dadá era admirada pelos companheiros pela sua bravura, e considerada parte integrante do grupo. Teve sete filhos durante o cangaço, que deixava com parentes e amigos pelo caminho. Quando Lampião e Maria Bonita foram mortos, estava com Corisco na fazenda Emendadas, em Alagoas. Saíram em busca dos delatores de Lampião e chacinaram toda a família do vaqueiro Domingos Ventura, dentre outras pessoas. Desde então viviam refugiados na caatinga. Dadá era a primeira e única mulher a ter um fuzil no bando. Em 25 de maio de 1940, Corisco foi morto e ela ferida no pé, que teve que ser amputado. Dadá viveu muitos anos, contando a sua história, vindo a falecer em 1994.

"Se entrega corisco,
eu não me entrego não,
eu não sou nenhum passarinho
pra viver lá na prisão...
ai, ai, meu Deus
eu não me entrego não
que eu não sou nenhum passarinho
pra viver lá na prisão. "

"Acorda, Maria Bonita
acorda, vem fazer café,
que o dia já está raiando,
e a milícia já está de pé."

3 comentários:

Unknown disse...

eu gostaria de saber, se Maria Bonita usava meia ao calçar a sandalia de couro???

Luci Lacey disse...

Devia ser uma vida muito ardua.

Aquele calourao.

Abracos

Mallena Queiroz disse...

Eu gostaria de saber se Expedita..a filha de Lampiao e Maria Bonita ainda eh vivaa..Beijos