quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Para que serve (Sérgio Godinho)



Para que serve

Para que serve a poesia, minha amiga? serve de morada
é lá que recebemos os avisos e as convocatórias
e descemos as escadas
de chave farejada na mão.
Chova e não chova
para abrir uma caixa
são precisos cinco passos sem história.

Haja o extracto de conta
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e mesmo uma conta, a sério.
Mas por surpresa
Ou (honra lhe seja feita)
distracção da expectativa
aí há-de jazer
surpresa
o envelope mistério.

Aquele que por mais vezes que o abramos
não desvenda nunca
quase tudo do amor.
Com outra chave farejada o abrimos.

Chova ou não chova
as mãos enchem-se de gotas
(esperando, sim, não saber, por hoje,
o que de lá se declara dos ocultos,
para que serve a poesia)

Sérgio Godinho


O sangue por um fio (2009)







terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Sérgio Godinho na "Aula de Poesía Díez-Canedo" de Badajoz


Sérgio Godinho, compositor, intérprete, ator, dramaturgo e escritor, com mais de quarenta anos de carreira e um referente do panorama cultural português, estará no próximo dia 21 de fevereiro, na cidade de Badajoz, para apresentar a sua obra poética na “Aula de Poesía Díez-Canedo”, reconhecida instituição na divulgação e promoção da atividade poética a nível peninsular.


A iniciativa, organizada pela “Asociación de Escritores de Extremadura” (AEEX), apoiada pelo “Gabinete de Iniciativas Transfronterizas” e pela “Diputación de Badajoz”, será a primeira duma digressão literária que levará Sérgio Godinho às cidades de Plasencia e de Cáceres.



O autor fará a leitura pública, às 20:00, na sala de atos do Museu de Arte Contemporânea de Badajoz (MEIAC), tal como se distribuirá o “Caderno de Poesia”, nº 150, com uma antologia bilingue da obra poética de Sérgio Godinho.



O evento, aberto ao público, contará com a presença dos diretores da “Aula de Poesía Díez-Canedo”, José Manuel Sánchez Paulete e Enrique García Fuentes, o escritor e presidente da AEEX, Juan Ramón Santos e será apresentado pelo professor e tradutor Luis Leal.