Na noite de 31 de Outubro Cidões comeu cabra para não ter um ano de azar.
Na noite mais propícia a todos os sustos, 31 de Outubro, a população de Cidões, em Vinhais, esconjura os demónios comendo, literalmente, a mais tradicional representação do demo: a cabra. Como se não bastasse, a dita é cozinhada em grandes potes, sobre o fogo intenso do canhoto (tronco). Ninguém acredita em bruxas, mas não vá o diabo tecê-las, e melhor é todos petiscar a cabra,seja ela demónio, belzebu, diabo ou qualquer outro espírito maligno.
A festa é simbólica, mas está muito arreigada no espírito dos cidonsenses, que se deslocam de vários pontos do país só para participar.
A origem da festa perde-se na memória! É uma festa tradicional muito antiga, que nem os próprios habitantes de Cidões conhecem a data de origem.
Ali, não há lugar aos mais recentes atropelos, à tradição com costumes importados, não há vestígio de fantasias de bruxas de vassoura e chapéu negro nem abóboras luminosas do Halloween. Há cruzes, credo, benzem-se os mais velhos. A tradição nesta aldeia é genuína.
O banquete inicia-se por volta das 20h. Normalmente são esperadas algumas centenas de pessoas para a tradicional festa da "Cabra e do Canhoto". Geralmente o número ultrapassa os 400 comensais. A organização tem preparadas habitualmente, quatro machorras (cabras estéreis) para dar de comer a quem aparecer. A noite escura como o breu (coisa muito escura) é aquecida com vinho e aguardente.
Enquanto o repasto vai apurando, os comensais petiscam castanhas assadas, figos e outros frutos secos.
O cenário é o ideal para uma noite de bruxarias. A aldeia está encaixada no sopé da serra, a estrada é íngreme, com declive acentuado, longe de tudo.
A noite é de transgressão. Após o jantar, os rapazes viram a "aldeia do avesso", roubam vasos de flores das varandas, voltam carros de bois e carroças. Depois, vão passear com o carro de bois por toda a localidade, de modo a não deixar dormir ninguém devido ao "chiar" (ranger) das suas rodas.
"Chateavam-se e chateiam-se com esta barulheira, mas há que aguentar". Reza a lenda que quem se aquecer na fogueira afasta a má sorte, Já diz o provérbio: "quem no canhoto não se aquecer e da cabra não comer, um ano de azar vai ter".
A tradição mantem-se
A festa da cabra e do canhoto é uma tradição ligada à noite de Todos os Santos, que se perdeu na maioria das localidades. Em Cidões queima-se o canhoto (tronco) e faz-se uma grande fogueira com lenha furtada, onde se cozinha cabras velhas.
Velhas, gordas e boas
Os costumes recomendam o uso de machorras (cabras velhas estéreis), que costumam engordar muito e por isso são boas para o banquete.
Fogueira num cruzamento
A grande pilha de lenha que servirá para cozinhar a cabra já é recolhida durante o fim-de-semana anterior, para acautelar situações imprevistas. É colocada na estrada da aldeia próxima de um cruzamento, locais cheios de misticismo associados a bruxarias.
Receita do repasto
Põe-se a carne da cabra dois dias em vinha-de-alhos. Pegua-se num pote de ferro e junte-se à carne azeite, cebola, cenoura e vinhos . O tempero do repasto é segredo. Dizem os os cidonsenses que é ancestral e que só "Chico", o cozinheiro oficial, o conhece.
A festa é simbólica, mas está muito arreigada no espírito dos cidonsenses, que se deslocam de vários pontos do país só para participar.
A origem da festa perde-se na memória! É uma festa tradicional muito antiga, que nem os próprios habitantes de Cidões conhecem a data de origem.
Ali, não há lugar aos mais recentes atropelos, à tradição com costumes importados, não há vestígio de fantasias de bruxas de vassoura e chapéu negro nem abóboras luminosas do Halloween. Há cruzes, credo, benzem-se os mais velhos. A tradição nesta aldeia é genuína.
O banquete inicia-se por volta das 20h. Normalmente são esperadas algumas centenas de pessoas para a tradicional festa da "Cabra e do Canhoto". Geralmente o número ultrapassa os 400 comensais. A organização tem preparadas habitualmente, quatro machorras (cabras estéreis) para dar de comer a quem aparecer. A noite escura como o breu (coisa muito escura) é aquecida com vinho e aguardente.
Enquanto o repasto vai apurando, os comensais petiscam castanhas assadas, figos e outros frutos secos.
O cenário é o ideal para uma noite de bruxarias. A aldeia está encaixada no sopé da serra, a estrada é íngreme, com declive acentuado, longe de tudo.
A noite é de transgressão. Após o jantar, os rapazes viram a "aldeia do avesso", roubam vasos de flores das varandas, voltam carros de bois e carroças. Depois, vão passear com o carro de bois por toda a localidade, de modo a não deixar dormir ninguém devido ao "chiar" (ranger) das suas rodas.
"Chateavam-se e chateiam-se com esta barulheira, mas há que aguentar". Reza a lenda que quem se aquecer na fogueira afasta a má sorte, Já diz o provérbio: "quem no canhoto não se aquecer e da cabra não comer, um ano de azar vai ter".
A tradição mantem-se
A festa da cabra e do canhoto é uma tradição ligada à noite de Todos os Santos, que se perdeu na maioria das localidades. Em Cidões queima-se o canhoto (tronco) e faz-se uma grande fogueira com lenha furtada, onde se cozinha cabras velhas.
Velhas, gordas e boas
Os costumes recomendam o uso de machorras (cabras velhas estéreis), que costumam engordar muito e por isso são boas para o banquete.
Fogueira num cruzamento
A grande pilha de lenha que servirá para cozinhar a cabra já é recolhida durante o fim-de-semana anterior, para acautelar situações imprevistas. É colocada na estrada da aldeia próxima de um cruzamento, locais cheios de misticismo associados a bruxarias.
Receita do repasto
Põe-se a carne da cabra dois dias em vinha-de-alhos. Pegua-se num pote de ferro e junte-se à carne azeite, cebola, cenoura e vinhos . O tempero do repasto é segredo. Dizem os os cidonsenses que é ancestral e que só "Chico", o cozinheiro oficial, o conhece.
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