quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Manuel António Pina em Badajoz



Lá para fins deste mês teremos Manuel António Pina em Badajoz, na Aula Díez Canedo. Voltaremos a falar dele com mais vagar. Por enquanto, fica este poema do ano 1991. Para quem gostar e quiser ler mais: Poesia Reunida, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001 e Os Livros, Assírio & Alvim, Lisboa, 2003.



ESPLANADA

Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,

agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.

O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.


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