quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Manuel António Pina em Badajoz (II)

Como já dissemos numa postagem do dia 3, Manuel António Pina estará em Badajoz no dia 25 deste mês no Salão de actos do MEIAC, às 20:30, para ler os seus poemas.



Manuel António Pina nasceu em Sabugal (Beira Alta) em 1943. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Jornalista, entre 1971 e 2001, do Jornal de Notícias, onde foi Editor e Chefe de Redacção. Colaboração em numerosos outros órgãos de Comunicação Social: República, Diário de Lisboa, o Jornal, Expresso, JL/ Jornal de Letras, Artes e Ideias, Marie Claire, Visão, Rádio Porto, RTP, Península (Barcelona)... Foi professor da Escola Superior de Jornalismo do Porto e membro do Conselho de Imprensa. É actualmente colunista da revista Visão. É autor, entre outras, de mais de três dezenas de obras de poesia, crónica, ensaio e literatura infantil e ainda de duas dezenas de peças de teatro. Obras suas foram levadas ao cinema, TV e BD, bem como musicadas e editadas em disco. A sua poesia encontra-se traduzida em francês, inglês, dinamarquês, espanhol, galego, alemão, catalão, neerlandês, búlgaro, servo-croata e corso; e a sua obra infanto-juvenil em dinamarquês, alemão, espanhol e galego.


Na biblioteca

O que não pode ser dito
guarda um silêncio
feito de primeiras palavras

diante do poema, que chega sempre
demasiadamente tarde,

quando já a incerteza
e o medo se consomem
em metros alexandrinos.
Na biblioteca, em cada livro,

em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,

as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.

Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,
o poema está só.
E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta.


Agora É

Agora é diferente
Tenho o teu nome o teu cheiro
A minha roupa de repente
ficou com o teu cheiro

Agora estamos misturados
No meio de nós já não cabe o amor
Já não arranjamos
lugar para o amor

Já não arranjamos vagar
para o amor agora
isto vai devagar
isto agora demora

1 comentário:

Anónimo disse...

Conheço a sua coluna e muito pouco da sua obra, no entanto já li uma entrevista sua e fiquei curioso acerca do seu trabalho e filosofia de vida. De certeza, uma excelente iniciativa em Badajoz.