segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Quem tem medo de Noam Chomsky ?


O linguísta americano Daniel Everett no Amazonas, com um pescador pirahã. 

Através da minha querida amiga Raquel chegou às minhas mãos um artigo  - publicado hoje na Folha online - precioso. O artigo fala de uma língua falada por uma tribo do Amazonas, o pirahã, que por causa das peculiaridades do seu idioma, contradiz completamente a teoria da "Gramática Universal" defendida pelo "papa" da linguística, Noam Chomsky. Quem a defende é o linguísta norte-americano Daniel Everett. Segundo ele, o pirahã não partilha dos princípios universais linguísticos essenciais para a Gramática Universal, segundo o qual a biologia humana molda a linguagem e a variação gramatical em todas as línguas. O principal ponto é a falta de recursividade do pirahã, ou seja, a capacidade de formar frases infinitamente longas encaixando elementos um no outro [ex. Maria ama João que ama Joana que ama Fernando...]. A teoria, defendida por Everett, se for comprovada, pode vir a abalar os pilares de tudo o que se conhece e se estuda hoje sobre linguística. Em dezembro, o linguísta norte-americano lançou no Reino Unido o livro «Don't Sleep, There Are Snakes» no qual desenvolve mais amplamente sua tese. Não tenho nada contra Chomsky - muito pelo contrário - e acho importantíssimo toda a vida que ele dedicou nos estudos sobre linguística, mas é sempre interessante e reconfortante descobrir que há vida para além do arco-íris. O artigo e a entrevista dada à Folha de São Paulo pode ser lida aqui.

[Post publicado originalmente no meu blogue pessoal mas que pela pertinência das questões levantadas achei que merecia configurar também neste espaço.]

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