quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Fita amarela


O que se poderia dizer dos ultimos momentos de Fernando Fernán Gómez sobre a terra, ali no palco, entre mesas com amigos à conversa, e esse par a dançar um tango à frente do caixão? Alguém que conheço me disse que gostaria de ter um último adeus desse jeito e recordou-se de um velho samba que começava "Quando eu morrer não quero choro nem vela...". Eu nunca tinha ouvido essa canção, mas depois de ouvir a versão original cantada por Francisco Alves e Mário Reis em 1933, só posso dizer que acho uma delícia. Ai, essa mulata sapateando no caixão... ("Sapateia, sapateia..." ouve-se dizer a um dos cantores)


FITA AMARELA
(Noel Rosa)

Quando eu morrer,
Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.

Quando eu morrer,
Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.

Se existe alma
Se há outra encarnação
Eu queria que a mulata
Sapateasse no meu caixão

Quando eu morrer,
Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.

Quando eu morrer,
Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.

Não quero flores
Nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta
Com violão e cavaquinho

Quando eu morrer,
Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.

Quando eu morrer,
Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.


Embora haja uma outra letra, que também tem as suas coisinhas, como a terra que vai comer um dia "as morenas tão formosas" ou essa alma que não deseja "morrer de insolação".

Quando eu morrer não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela
Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão
Não quero flores, nem coroa de espinho
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho
Estou contente consolado por saber
Que as morenas tão formosas a terra um dia vai comer
Não tenho herdeiros, não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos mas não paguei nada a ninguém
Meus inimigos que hoje falam mal de mim
Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim
Quero que o sol não visite o meu caixão
Para a minha pobre alma não morrer de insolação

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