quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Nuno Júdice

Já falamos disto há alguns meses e já cá estamos, a poucas semanas de podermos ouvir, neste seco Inverno, os poemas de Nuno Júdice dos próprios lábios do poeta: será no dia 8 de Fevereiro, em Badajoz, organizado pela Aula Díez Canedo no MEIAC. Não vamos esquecer, pois não?

Por enquanto, eis alguns breves dados sobre este escritor, poeta e ensaísta português. Estudou Filologia Românica na Universidade de Lisboa, vindo depois a ser professor do ensino secundário. Actualmente, é professor da Universidade Nova de Lisboa. Tem livros traduzidos em Espanha, Itália, Venezuela, Inglaterra e em França. Tem escrito obras de ficção. Publicou o primeiro livro de poesia em 1972 e já recebeu os mais importantes prémios em Portugal, entre eles, o Prémio da Crítica 2001 pela obra Poesia Reunida 1967-2000.

Nuno Judice tem escrito muito sobre o amor, e de amor é que trata este poema:


Plano

Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.


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