domingo, 19 de novembro de 2006

Silves - Xelb (1)

A Silves

Saúda, por mim, Abû Bakr,
Os queridos lugares de Silves
E diz-me se deles a saudade
É tão grande quanto a minha.
Saúda o Palácio dos Balcões,
Da parte de quem nunca o esqueceu,
Morada de leões e de gazelas.
Salas e sombras onde eu
Doce refúgio encontrava
Entre ancas opulentas
E tão estreitas cinturas.
Moças níveas e morenas
Atravessavam-me a alma
Como brancas espadas,
Como lanças escuras.
Ai quantas noites fiquei,
Lá no remanso do rio,
Preso nos jogos do amor
Com a da pulseira curva,
Igual aos meandros da água,
Enquanto o tempo passava...
Ela me servia vinho:
O vinho do seu olhar,
Ás vezes o do seu copo,
E outras vezes o da boca.
Tangia-me o alaúde
E eis que eu estremecia
Como se estivesse ouvindo
Tendões de colos cortados,
Mas se retirava as vestes
Grácil detalhe mostrando,
Era ramo de salgueiro
Que me abria o seu botão
Para ostentar a flor.

Al'Mutamid Ibn Abbad,
nascido em Beja, conquistador de Silves,
rei de Sevilha, talvez o maior poeta do
seu tempo no Al Andaluz
Trad. do árabe: Adalverto Alves

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