Escrito em Almocreve das Petas
O regresso do arq. José António Saraiva às lides jornalísticas é uma saudade maior. A generosa prosa do arquitecto, afastado que está da ideia murmurada do Nobel, ressuscita a partir d'hoje no semanário Sol.
O cidadão, mesmo que não espere nenhum milagre singular, agradece, tal o tédio e o desconchavo do actual Expresso. A virtude do jornal do dr. Balsemão, se é que alguma vez existiu, não dura sempre. E mesmo que o seu declínio político-cultural tenha começado já no tempo do arq. Saraiva, por muitas & variadas causas, a passagem de testemunho ao jovem Henrique Monteiro foi uma imensa e total cegueira. E que só o hábito e inércia de tantos anos recomenda a sua compra.
O embrulho do Expresso com DVD incluído, a súbita sedução por plataformas de blogs e fóruns, o cuidado presente na edição online, as profundas alterações ao corpo do jornal, constituem não apenas uma interessante mudança, que haveria de ser cumprida mais cedo ou mais tarde, mas pronuncia, principalmente, uma resposta enérgica à interpelação da concorrência. Só por isso o Sol está de parabéns.
E mesmo que o futuro venha a dar razão às objecções assinaladas pelo meu caro amigo Jorge Vasconcelos e Sá, como sempre demasiado absorvido na teoria dos jogos (que domina como ninguém mais) é possível que esta fase cinzenta, esfumada e pouco transparente que atravessa a imprensa dita de referência poderá, se os jornalistas do Sol nos surpreenderem, ser ultrapassada. Assim o esperamos. De todo.
[a reprodução, acima, é do nº 1 do antigo semanário (de Estudo e Critica dos Acontecimentos Internacionais) Sol, publicado em Lisboa a 19 de Junho de 1942, cujo editor e director foi A. Lello Portella. Custava 1 escudo. Bons tempos].
O cidadão, mesmo que não espere nenhum milagre singular, agradece, tal o tédio e o desconchavo do actual Expresso. A virtude do jornal do dr. Balsemão, se é que alguma vez existiu, não dura sempre. E mesmo que o seu declínio político-cultural tenha começado já no tempo do arq. Saraiva, por muitas & variadas causas, a passagem de testemunho ao jovem Henrique Monteiro foi uma imensa e total cegueira. E que só o hábito e inércia de tantos anos recomenda a sua compra.
O embrulho do Expresso com DVD incluído, a súbita sedução por plataformas de blogs e fóruns, o cuidado presente na edição online, as profundas alterações ao corpo do jornal, constituem não apenas uma interessante mudança, que haveria de ser cumprida mais cedo ou mais tarde, mas pronuncia, principalmente, uma resposta enérgica à interpelação da concorrência. Só por isso o Sol está de parabéns.
E mesmo que o futuro venha a dar razão às objecções assinaladas pelo meu caro amigo Jorge Vasconcelos e Sá, como sempre demasiado absorvido na teoria dos jogos (que domina como ninguém mais) é possível que esta fase cinzenta, esfumada e pouco transparente que atravessa a imprensa dita de referência poderá, se os jornalistas do Sol nos surpreenderem, ser ultrapassada. Assim o esperamos. De todo.
[a reprodução, acima, é do nº 1 do antigo semanário (de Estudo e Critica dos Acontecimentos Internacionais) Sol, publicado em Lisboa a 19 de Junho de 1942, cujo editor e director foi A. Lello Portella. Custava 1 escudo. Bons tempos].
__________________________
Por um lado o soltador arq. Saraiva não se saiu bem nas entrevistas televisivas a que se voluntariou. Esteve resinoso demais com Balsemão (soledades?), gracejou com o BCP (ou foi com os telespectadores?) e terminou incomodado com o surto de DVD's e publicidade do Expresso. Não se devia ter entretido em solapamentos antigos, nem caído como um qualquer infame soldadesco, na agitação do dr. Balsemão. Por outro lado, o solevado arq. Saraiva ganhou a aposta. O jornal vendeu como pãezinhos quentes. Em qualquer soleira ou banca de jornais, o jornal esgotou. Será para solidificar? Veremos, mas seria bem melhor caminhar em solipé. Os rapazes do dr. Balsemão, sabe-se, andam soluçantes. Mas é de suspeitar. Soliamente bastaria ao dr. Balsemão enlaçar todas as semanas, ao seu jornal, uma qualquer iconografia de Scarlett Johansson (mesmo que estivesse ao colo do dr. Marques Mendes) para que o arq. Saraiva fosse para o desemprego. Há mulheres tão solarosas, que não têm perdão. Eu que o diga. Por fim, o jornal soletreado letra-a-letra é uma alma gémea daquele feito pelo dr. Balsemão. Não inovou graficamente; apresenta textos como que solfejados do CM; tem uma revista de nome Tabu (a que propósito?) inenarrável, logo ali onde se deveria marcar a diferença com a Única (mãozinha do Rainho?); não tem uma secção dedicada à cultura (livros, música, cinema, teatro), o quer significar que não há clientes para tão estranha heresia. Será? Afinal que classes ou segmentos de público se pretende atingir? Que há de errado nisto tudo? Alguém nos diz? Agradecido.
Sem comentários:
Enviar um comentário