domingo, 10 de setembro de 2006

Cavalheiro

(ouvir poema)

Hoje, fumei um cigarro.

Emprestaram-me o isqueiro,

deram-me o invólucro branco-laranja,

e foi com a alma em franja

que cheguei à sala do fumeiro

e entre a impestação alheia por catarro

me esfumarava inteiro.


Entrou uma mulher;

"Tem lume?" - mordendo o cigarro ao meu fogo ofertado

"Sim" - passando-lhe para a mão o mecanismo emprestado

Surpresa, não se conteve; "Julguei ser um cavalheiro!"

Rindo-me retorqui, com o meu ar mais matreiro:

"Que maior confiança deposito que ter na mão o meu isqueiro?


"É que nestas convenções de cavalheiros

escondem-se sagazes predadores de atenção,

mas são os que não procuram ser certeiros

que guardam os melhores sorrisos no coração!



Rui Diniz
29 Agosto, 2006


Sem comentários: