quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Peça sobre Viriato, em produção luso-espanhola, quinta-feira em Mérida

O texto inédito de João Osório de Castro "Viriato Rey", que retrata a luta do homem pela liberdade e pela paz e os esforços dos impérios em sobreviver, encerra quinta-feira o 51º Festival de Teatro Clássico de Mérida (Espanha).

A obra do dramaturgo português sobe ao palco do Teatro Romano numa co-produção luso-espanhola, dirigida pelo português João Mota e envolvendo 45 actores dos dois países, entre eles José Vicente Moirón, que interpreta o papel do "pastor-guerreiro" na sua luta de há 22 séculos contra o Império Romano.
"A paz é uma obrigação de todos os políticos e esta peça não é mais que uma verdade muito bem contada", explicou o autor do texto, na apresentação da obra em Mérida.
Perante a escassa documentação existente sobre Viriato - herói para ambos os lados da fronteira - o dramaturgo acabou por recorrer à ficção, retratando o que segundo o director do festival de Mérida, Francisco Carrillo, é "um mito comum a ambas as culturas".
Surgindo como um texto em jeito de "realidade histórica inventada", a obra retrata segmentos da cultura luso-espanhola, dramatizando a vida de um pastor que inicialmente se converteu em guerrilheiro e que optou depois pela paz - um a paz que acabou por o levar à morte, vítima de traição.
Para João Mota, o texto é tanto histórico como contemporâneo e "a actua lidade de "Viriato Rei" reside no facto de que "a luta ainda continua".
"É muito difícil conseguir a paz e a liberdade, porque sempre há um lado de poder", sublinhou.
A obra tinha já sido oferecida ao Festival de Teatro Clássico de Mérida em 1997 mas as suas dificuldades de encenação levaram a que tenha sido adiada a té agora.
"É um texto quase cinematográfico, que proponha a existência de cavalos, bailarinas e até a morte de animais no palco", explica o produtor executivo, Javier Leoni.
As dificuldades acabaram por ser ultrapassadas pelo director e pela equipa de produção, em particular o responsável pelo palco, José Manuel Castanheira, que criou um desenho simples mas que permite "a coabitação do texto e dos actores".
A obra recorre a música de António Sosa e a um coro de mulheres pois, como explicou o director da peça, "não se pode entender a guerra, nem contar a paz, sem as mulheres".
"Viriato Rei" estará patente ao público até 15 Agosto, sendo apresentad a apenas uma vez fora da cidade, a 26 de Agosto, no Festival de Teatro Castillo de Niebla em Huelva.

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