sexta-feira, 18 de agosto de 2006

As Aventuras de D. Fonsarilho

Há já alguns anos que não conseguia aceder a estes livros que marcaram o meu imaginário infantil e que, hoje, à luz da minha experiência de vida, considero brilhantes. Trata-se da colecção do início dos anos 80 (1984), da autoria (textos e ilustração) de Vítor Mesquita, relacionada com as aventuras, de índole quixotesca e com uma pitada do universo de Sir Walter Scott, de Dom Fonsarilho.
Esta personagem, dotada de um queixo proeminente, apesar de ter histórias vocacionadas para um público infantil, tem um contexto subliminar de análise cultural brilhante e hilariante! Não é de estranhar que, a par de D. Fonsarilho, existam personagens como Santa Pança (o "sidekick" à maneira do "Cavaleiro da Triste Figura"), D. Tesa, Leonardo do Vício (inventor português, homem de ciência, que via na emigração a única forma de vingar na sua área do saber - onde é que eu já vi ou ouvi isto?) ou um espião galego coxo e apaixonado.

Esta forma de brincar com a história, de a transmitir com humor, é sempre uma mais-valia em termos pedagógicos e humanos. Felizmente consegui, num alfarrabista ambulante, comprar por "tuta-e-meia" a colecção que tanto marcou a minha infância e que na altura só podia aceder na rubrica, em contexto de sala de aula, "Biblioteca de Turma". A minha professora da primária, D. Mª de Lurdes Varandas, irmã do célebre cantor Francisco José (imortalizado com "Olhos Castanhos" e "Nem às Paredes Confesso") encontrava nesta estratégia um meio eficaz para incentivar os seus alunos à leitura e abordar a história de Portugal, à maneira do Estado Novo, de forma a me deixar sempre boquiaberto e a imaginar contextos heróicos, que afinal nada tinham a ver com a realidade... mas mesmo assim lhe agradeço a capacidade que me deu para sonhar com história e lendas.
Deixo-vos com umas digitalizações do volume "O Cavaleiro da Bolota Azeda" e com uma sinopse das características das personagens… espero que se divirtam!

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