Poucos conhecem a aventura deste beirão de Oleiros que, nos idos de seiscentos, partiu de Agra, no Norte da Índia, e caminhou até Tsaparang, em pleno Tibete Central, onde estabeleceu uma missão. Aos alpinistas modernos, as condições da viagem do padre António de Andrade pelas montanhas do Himalaia não deixariam de causar arrepios. Levando apenas "um cambolim pera se cobrir, e um alforge com algua cousa pera comer", Andrade subiu aos píncaros mais altos do globo e atravessou a enorme parede do Himalaia pela portela de Mana, a mais de cinco mil metros de altitude. Pelo caminho, descobriu uma das nascentes principais do rio Ganges e passou tormentos indescritíveis. A notícia da descoberta do Tibete, publicada em Lisboa em 1626 e recentemente reproduzida numa obra de Hugues Didier, foi traduzida em várias línguas e causou grande sensação em toda a Europa. Uma vez mais, julgava-se estar perante o lendário reino do Grão Cathayo, que Marco Polo situara algures na Ásia e onde, supostamente, existiriam cristãos. Desde a Idade Média que circulavam na Europa notícias vagas dessas "cristandades perdidas"- a localização desses reinos deslocava-se nos mapas à medida que se exploravam novas terras, mas, em meados do XVII, uma boa parte do mundo estava ainda por descobrir.A 30 de Março de 1624, o padre António de Andrade partiu de Agra para acompanhar Jahangir, imperador mongol, a Caxemira.
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