17/05/06
A atribuição do Prémio Camões 2006 ao escritor angolano Luandino Vieira foi anunciada hoje num hotel de Lisboa.
Luandino Vieira é o terceiro autor africano galardoado com aquele prémio, depois do moçambicano José Craveirinha (1991) e do angolano Pepetela, em 1997.
Trata-se do mais importante galardão literário da lusofonia e foi cria do em 1988 pelos governos de Portugal e Brasil para distinguir um escritor cuja obra tenha contribuído para o enriquecimento cultural e literário em português.
O júri deste ano é constituído por Agustina Bessa-Luís (Portugal), Fra ncisco No a (Moçambique), Ivan Junqueira (Brasil), Paula Morão (Portugal), José Eduardo Agualusa (Angola) e Evanildo Bechara (Brasil).
O Nobel da Literatura José Saramago afirmou-se «profundamente satisfeito» pela atribuição do Prémio Camões ao escritor angolano José Luandino Vieira, acrescentando que «demorou, mas a justiça foi feita».
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral, afirmou hoje estar muito satisfeito pelo facto de «um grande escritor de língua portuguesa» como Luandino Vieira ter ganho o prémio Camões.
«Vejo esta decisão com muita satisfação, porque Luandino Vieira é um grande escritor de língua portuguesa», disse o chefe da diplomacia portuguesa.
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24/05/06
O escritor angolano Luandino Vieira, Prémio Camões 2006, recusou aceitar o galardão, anunciou hoje o ministério português da Cultura.
O escritor invocou «razões pessoais, íntimas» para justificar a sua recusa, adianta o ministério numa nota de imprensa.
O Premio Camões 2006, no valor de cem mil euros, o maior galardão literário da língua portuguesa, foi atribuído sexta-feira passada a Luandino Vieira.
«O escritor angolano Luandino Vieira comunicou ao governo português ser sua opção não aceitar o Prémio Camões», disse o Ministério da Cultura (MC).
«Sublinhando o seu agradecimento pela distinção, o escritor Luandino Vieira justifica a decisão de não a aceitar evocando «razões pessoas, íntimas». A opção do escritor será naturalmente respeitada», adianta a nota do MC.
Luandino Vieira foi o terceiro autor africano galardoado com o Prémio Camões.
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24/05/06
O escritor Luandino Vieira vive «como um franciscano» e é «completamente despojado dos bens materiais», explicou hoje o escultor José Rodrigues, justificando assim que o autor tenha recusado o Prémio Camões 2006, no valor de 100 mil euros, escreve a Lusa.
«Não é minimamente surpreendente» que Luandino Vieira tenha recusado o prémio, disse José Rodrigues, que há mais de uma década acolhe o escritor no seu convento em Vila Nova de Cerveira.
«Ainda ontem almocei com o Luandino numa tasquinha de Caminha que apenas serve comida africana, e quando, a brincar, lhe disse que ele ia ficar rico, a sua única resposta foi um sorriso. Só hoje é que percebi o significado desse sorriso», disse à Lusa José Rodrigues.
Este escultor trata Luandino Vieira como «irmão», mas nem com esse «estatuto» conseguiu o que todos os órgãos de comunicação social procuraram ingloriamente: um comentário à atribuição do Prémio Camões.
«Nunca me disse uma única palavra sobre isso. Há muito que ele cortou, completamente, com o mundo à sua volta. Diz que já cá não está, que já se despediu deste mundo, e praticamente só fala com os animais«, acrescentou José Rodrigues.
Luandino Vieira até tem telemóvel, mas desde sexta-feira, dia em que foi anunciada a atribuição do Prémio Camões, que não é possível entrar em contacto com ele.
Quem ligar para o autor apenas pode esperar três «respostas»: ou atende e não diz nada, ou está pura e simplesmente desligado, ou então deixa chamar por tempo indefinido sem atender.
«Eu acho que ele tem telemóvel só para 'protestar' contra os telemóveis», explicou José Rodrigues.
De Portugal Diario
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